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Famel lança ronda de investimento para regressar à estrada

Depois de avanços e recuos e após ter sido anunciado no ano passado o regresso desta mítica marca de motociclos ao mercado português, tudo se conjuga para que a Famel, marca de motociclos nascida no final da primeira metade do século XX em Águeda (1949), possa ganhar uma nova vida, procurando a capacidade de colocar na estrada a emblemática Famel XF-17, desta feita elétrica e ajustada à evolução que o mercado dos motociclos tem registado a nível global.

Para a revitalização desta marca histórica de motociclos em Portugal, acaba de ser lançada uma ronda de investimento que deverá permitir uma nova vida à Famel que continua ainda assim a olhar para frente com os olhos postos no aparecimento de um único modelo, a XF-17, um motociclo que chegou a ser apresentado em 2022 e do qual se disse que iria ser comercializado dois anos depois, mas que nunca chegou ao mercado efectivamente, e que agora volta a ser antecipado na variante elétrica já antes programada.

Para o financiamento deste novo ciclo de vida da Famel, o Fundo NOVUS gerido pela Magnify Capital Partners, em parceria com o Banco Português de Fomento já investiu 2,45 milhões de euros, a que se juntará o investimento de entidades privadas. Finalizada esta ronda, a Famel deverá estar em condições de acelerar o plano estratégico da empresa de revitalizar a marca com o propósito de se posicionar de uma forma consolidada no mercado de veículos elétricos de duas rodas, alinhando a marca ao atual contexto da crescente procura por soluções de mobilidade ecológica.

Um novo capítulo
com raízes profundas

“A recuperação da Famel não é apenas sobre a produção de motocicletas, é sobre reacender uma paixão e um legado,” afirma Joel Sousa, CEO & Re-Founder da Famel, acrescentando que “com o renascimento da icónica XF-17, a Famel não só preserva a sua herança como também se adapta à nova tendência pela procura de soluções de mobilidade sustentáveis e eficientes.”

“A ronda de investimento estabelece uma base sólida para a Famel se destacar no crescente mercado de mobilidade elétrica, não apenas em Portugal, mas também nos mercados internacionais,” sublinha António Vieira da Silva, Founder and Chairman at Magnify Capital Partners, responsável pelo Fundo Novus que surge como investidor nesta nova vida da Famel. Com a crescente procura por veículos elétricos e o apoio governamental para veículos de baixa emissão, a Famel apresenta-se bem posicionada para capturar uma parcela significativa deste mercado emergente.

Além do facto de ser elétrica, a nova versão da Famel deverá incorporar componentes maioritariamente europeus, dos quais 50% serão feitos em Portugal, o que trará vantagens significativas na pegada ecológica. Paralelamente, a inclusão de materiais sustentáveis em futuras versões e um modelo de negócio que tem uma vertente de personalização, que promove a utilização do veículo por um maior período de tempo, são fatores que pretendem ligar a marca a um estilo de vida sustentável.

Com planos para iniciar a produção em Anadia, perto de Águeda, o “berço” desta marca com que completa este ano 75 anos, a Famel pretende tirar partido da enorme capacidade industrial instalada na região, conhecida por ser o maior produtor de bicicletas da Europa, assim como do know-how no setor das duas rodas e da rapidez com que estes parceiros conseguem produzir em larga escala e com qualidade.

XF-17 elétrica com ambição
para recuperar memórias

Fundada em Águeda como referimos atrás, a Famel começou a sua jornada em 1949 e rapidamente se estabeleceu como um dos principais fabricantes de motocicletas do país. Certo é que a marca passou por um período de uma quase dissipação da marca — ainda hoje o sítio online , afirmando-se agora pronta para regressar à ribalta e revolucionar o setor de mobilidade, combinando tradição com inovação.

E se é verdade que a Famel nasceu após a II Guerra Mundial, o modelo XF-17 foi lançado no mercado um ano decorrido sobre a revolução de Abril de 1974, mantendo um percurso comercial de mais de duas décadas, assumindo-se então como a motorizada com o melhor percurso comercial no mercado luso de motociclos.

Depois da XF-17, a Famel apostou na scooter Eletron, um motociclo elétrico que não conseguiu afirmar-se no mercado, desde logo porque a própria Famel entrou num período de ocaso, vindo a declarar falência em 2002, como podemos verificar numa rapada visita ao sítio online da Famel onde ainda se encontra espelhada o percurso conturbado da marca nos últimos anos. Ainda assim, há que dar conta que a Eletron foi a primeira scooter elétrica no mundo, desenvolvida em 1993 com tecnologia portuguesa em parceria com a Efacec, tendo a produção daquele modelo sido vendida para o mercado francês antes da Famel parar a produção.

Agora com novas ambições, será preciso esperar pelo resultado desta ronda de investimento para podermos regressar às estradas uma nova Famel, a XF-17 elétrica, a ser capaz de recuperar histórias e memórias para construir um novo caminho em nome próprio.

JR / LusoMotores

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