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Carlos Tavares abandona o cargo de CEO da Stellantis com efeitos imediatos

O português Carlos Tavares, que até agora desempenhava as funções de CEO da Stellantis, entidade dona de marcas como a Peugeot, Citroen, Fiat, Jeep e Chrysler, entre outras, renunciou ao cargo este domingo numa decisão provocada pelas grandes pressões que vinha a sentir devido à queda das vendas e dos lucros nos EUA. Esta decisão ameaça provocar para Stellantis a continuidade de uma quebra acentuada de resultados, podendo cair em mais uma crise do sector automóvel, num período conturbado que vem a afectar os construtores na indústria automóvel global e em particular na Europa.

Carlos Tavares, visto até aqui como o grande líder da Stellantis, abandona de imediato as suas funções, antecipando uma saída que já vinha a ser anunciada como garantida, mas apenas para o final do mandato em curso, no início de 2026, devendo esta multinacional do sector automóvel ficar a ser gerida por uma comissão interina liderada pelo presidente do Conselho de Administração, John Elkann. Entretanto, e de acordo com informações já adiantadas pela Stellantis, um novo CEO deverá ser anunciado no primeiro semestre de 2025.

Carlos Tavares, que vinha a ser contestado dentro do próprio grupo, deixa a sua posição antes do esperado devido a divergências de visão sobre o futuro do construtor com o conselho de administração e alguns acionistas, tendo a empresa confirmado a sua projeção financeira para o ano.

O agora ex-CEO da Stellantis passa a integrar o lote de executivos da indústria automóvel que têm sido derrubados pelas pressões várias em redor do sector automóvel, devido à queda que o mercado tem vindo a sentir, pelas quebras acentuadas nas vendas, a procura enfraquecida por veículos elétricos na Europa e a ameaça de tarifas alfandegárias nas relações comerciais da Europa com a China, mas também com os EUA numa altura em que Donald Trump se prepara para voltar à Casa Branca.

Segundo adianta a Bloomberg, o diretor financeiro da Nissan Motor, Stephen Ma, também estará prestes a renunciar ao seu cargo, e outros executivos poderão vir a cair, num movimento de “dominó” acelerado pela crise económica no sector.

Carlos Tavares: um gestor
com mão de ferro

Quanto a Carlos Tavares, ganhou fama de ser particularmente hábil no corte de custos, sendo apontado como um gestor com uma atitude férrea nas ações conducentes à quebra das despesas na Stellantis, tendo alertado no passado mês de Setembro para a necessidade dessa mesma quebra das despesas.

Curiosamente, apesar de outros construtores rivais europeus, nomeadamente a Volkswagen, também estarem a enfrentar problemas de quebras nas vendas devido a uma procura menor dos seus produtos, a gravidade do alerta de Carlos Tavares para a Stellantis gerou preocupações maiores entre os acionistas. Ao mesmo tempo, investidores, concessionários e sindicatos criticaram Tavares nos últimos meses devido à queda nas vendas, por uma linha de veículos desatualizada nos EUA e pelos números excessivos de veículos em ‘stock’, fatores que terão contribuído para o alerta feito sobre os resultados financeiros em Setembro.

Apesar de Tavares ter prometido correções e ter substituído o seu chefe financeiro e outros executivos, a prestação da empresa continuou a cair nos principais países, incluindo a França, alimentando preocupações sobre as perspectivas de longo prazo da Stellantis cujas ações caíram 38% nos últimos 12 meses.

Conselho de Administração da Stellantis
aceitou renúncia de Carlos Tavares

Entretanto, em comunicado recebido pelo LusoMotores ao final da tarde deste domingo, a Stellantis fez saber que “o seu Conselho de Administração, sob a presidência de John Elkann (em cima na foto à direita), aceitou hoje a renúncia de Carlos Tavares ao posto de Chief Executive Officer (CEO) da Companhia, com efeito imediato.”

“O processo para a nomeação de um novo CEO permanente está bem encaminhado, sob a condução de um Comité Especial do Conselho de Administração, e será concluído no primeiro semestre de 2025. Até lá, será criado um Comité Executivo Interino, presidido por John Elkann”, acrescenta o mesmo comunicado segundo o qual “a Stellantis confirma as orientações para os resultados financeiros de 2024, que apresentou à comunidade financeira em 31 de outubro de 2024.”

A este propósito, e ainda de acordo com a informação adiantada pela Stellantis, o seu Senior Independent Director, Henri de Castries, comentou: “O sucesso do Stellantis desde a sua criação esteve enraizado num alinhamento perfeito entre os acionistas de referência, o Conselho de Administração e o CEO. Entretanto, surgiram pontos de vista diferentes nas últimas semanas que resultaram na decisão tomada hoje pelo Conselho de Administração e pelo CEO.”

Já John Elkann, Chairman da Stellantis, afirmou: “Agradecemos ao Carlos pelos seus anos de serviço dedicado e pelo papel que desempenhou na criação da Stellantis, assim como nas recuperações da PSA e da Opel, colocando-nos no caminho para nos tornarmos um líder global no nosso setor. Aguardo com expetativa a oportunidade de trabalhar com o nosso novo Comité Executivo Interino, com o apoio de todos os colegas da Stellantis, enquanto concluímos o processo de nomeação do novo CEO. Juntos, iremos assegurar a continuidade da implementação da estratégia da Empresa no interesse de longo prazo da Stellantis e de todas as suas partes interessadas.”

Jorge Reis / LusoMotores

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