A notícia foi avançada pela agência Reuters e dá conta do pré-aviso de greve feito pelos sindicatos que representam os trabalhadores da Volkswagen nas fábricas do construtor em território germânico, nomeadamente o sindicato IG Metall, o qual marcou deste modo as primeiras paralisações em grande escala nas operações domésticas da Volkswagen desde 2018.
O início das greves nas fábricas da Volkswagen na Alemanha no arranque do mês de Dezembro representa uma nova escalada na disputa entre o principal fabricante de automóveis da Europa e os seus trabalhadores sobre demissões em massa, cortes salariais e possíveis encerramentos de fábricas – medidas drásticas que a empresa diz não poder descartar face à concorrência chinesa e à redução da procura dos consumidores.
Em 22 de novembro, representantes dos trabalhadores da empresa votaram a favor de greves limitadas nas operações alemãs a partir do início de dezembro, logo depois das negociações sobre salários e encerramento de fábricas terem falhado.
“Se for necessário, esta será a batalha de negociação coletiva mais difícil que a Volkswagen já viu”, disse o representante do sindicato, Thorsten Groeger, em comunicado. O construtor referiu ainda assim que continua confiante na possibilidade de ser mantido um diálogo construtivo para encontrar uma solução sustentável.
“A Volkswagen respeita o direito dos funcionários de participar numa greve de advertência”, afirmou um porta-voz da empresa em resposta ao anúncio do sindicato, acrescentando que a Volkswagen tomou medidas antecipadas para garantir um nível básico de funcionamento para poder minimizar o impacto da crise, sendo certo que as greves de alerta na Alemanha, por norma, duram sempre algumas horas.
Na semana passada, o sindicato propôs medidas que, segundo os seus responsáveis, permitiriam economizar 1,5 bilhão de euros (1,6 bilhão de dólares), incluindo a renúncia de bónus para 2025 e 2026, algo que o maior construtor de automóveis da Europa rejeitou.
A Volkswagen exigiu um corte salarial de 10%, argumentando que precisa de reduzir custos e aumentar os lucros para defender a quota de mercado face à concorrência barata da China e à queda na procura de automóveis na Europa. Ao mesmo tempo, a empresa ameaça fechar fábricas na Alemanha pela primeira vez nos seus 87 anos de história.
“A Volkswagen incendiou os nossos acordos coletivos e, em vez de acabar com este incêndio em três sessões de negociação, o conselho de administração continua a atirar barris abertos de gasolina”, afirmou Thorsten Groeger, o negociador do sindicato IG Metall.
Um acordo para cancelar as greves acabou por não ser conseguido, tendo terminado as negociações este sábado, segundo deu conta o IG Metall, pelo que poderão os trabalhadores realizar greves de alerta já a partir deste domingo nas fábricas alemãs da Volkswagen.
“Greves de alerta começarão em todas as fábricas a partir de segunda-feira. Quanto tempo e quão intenso esse confronto precisará ser é responsabilidade da Volkswagen na mesa de negociações”, disse Groeger.
As partes agora em litígio deverão reunir-se de novo a 9 de Dezembro para prosseguir com as negociações sobre um novo acordo laboral para os trabalhadores da empresa alemã – VW AG – com os sindicatos dispostos a resistir a quaisquer propostas que não forneçam um plano de longo prazo para cada uma das fábricas, recusando qualquer plano de encerramento que possam ser levados por diante pela Volkswagen.