Contas da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA) mostram uma quebra nas exportações de 17,3% em novembro. A crise na indústria de Alemanha e França surge como uma explicação.
Em comunicado, a AFIA reconhece que a quebra registada em Novembro está “para lá do que eram as previsões”, com vendas de apenas 967 milhões de euros. O mau resultado leva a que o acumulado do ano até ao penúltimo mês mostre uma quebra de 5,9% face ao mesmo período de 2023, com exportações de 10.800 milhões de euros.
Desta forma, a previsão da AFIA para as exportações na totalidade do ano passado é de que venha a haver uma quebra de 6,3% face a 2023.
Segundo a AFIA, a diminuição da produção nacional de componentes automóveis reflete “o comportamento de retração das encomendas dos clientes” e “a realidade do mercado automóvel europeu”.
“Os dados que temos vindo a registar recentemente acabam por ser o reflexo dos desafios enfrentados pelo setor de componentes automóveis em Portugal, que continua a ser um dos pilares das exportações nacionais”, afirma o presidente da AFIA no comunicado.
Segundo José Couto, “a redução das vendas no mercado europeu, aliada às quedas registadas nos últimos meses, evidencia a necessidade de adaptação a um contexto económico global mais exigente”.
Ainda assim, o dirigente associativo considera que a indústria nacional de componentes automóveis “tem encontrado formas de manter a sua competitividade mostrando-se um setor extremamente resiliente e de elevada adaptabilidade”.
Pouco otimista está, contudo, Rafael Alves Rocha, diretor-geral da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), para quem “não é de excluir o encerramento de algumas empresas e a diminuição de trabalhadores”, mesmo sabendo que as “produtoras de componentes para a indústria automóvel são robustas”.
Em declarações ao jornal digital ECO, o dirigente da CIP salienta que a “diminuição da atividade de produção da indústria automóvel europeia tem e terá reflexos na atividade produtiva em Portugal, muito especialmente na produção de componentes para esta indústria, proveniente de vários setores de atividade”.
Rafael Alves Rocha acrescenta ainda que “após um crescimento da produção e das exportações claramente acima da produção de automóveis na Europa, as exportações nacionais caíram em 2024 e não há expectativas de que possam recuperar em 2025″.