A segunda etapa do Dakar 2025 vai ficar para sempre gravada na memória de quem a viveu por dentro. Mais de 1000 km percorridos em dois dias, sem passar pelo conforto do Bivouac, numa prova de superação que levou muitos ao limite. Tanto que a lista de desistências cresceu muito. Mas, superando as adversidades, Maria Luís Gameiro e José Marques chegaram ao fim da etapa de 48h.
A etapa mais extensa desta edição contou com 947 quilómetros cronometrados e 45 de ligações. Partindo de Bisha, as tripulações seguiram sem terem uma noção exata sobre onde pernoitariam, apenas cientes de que ficariam numa das seis áreas de paragem situadas entre os quilómetros 491 e 671 da especial. Além do elevado nível de exigência desportiva, o percurso atravessou um cenário inóspito, onde os desafios espreitam a cada quilómetro. Foi com este cenário que Maria Luís Gameiro e José Marques partiram para um dos maiores desafios das suas vidas.
E a dureza do desafio superou em muito o que Maria Luís imaginara. Sozinhos no deserto por mais de oito horas, resolvendo um problema mecânico do Fenic X-Raid 1000R Turbo, e com apenas uma hora de descanso, a dupla do Team Motivo JCB nunca baixou os braços. Apesar de todos os desafios, conseguiram chegar ao fim desta épica etapa, que já muito consideram a mais dura de sempre.
No final desta maratona, a piloto afirmava: “O que vivemos nesta etapa foi muito para lá do que imaginamos. Esperávamos uma especial muito dura, mas o que vivemos foi para lá disso. Acredito, e o que tenho ouvido por aqui confirma-o, que a organização terá levado um pouco longe demais o desafio. Vimos pilotos e navegadores a chegar ao fim da etapa lavados em lágrimas. Outras equipas ficaram pelo caminho. Nós conseguimos sobreviver.”
“Apesar das dificuldades, das oito horas sozinho no deserto, dos problemas no carro que conseguimos resolver e apenas com uma hora de sono, acabámos. Como? Sinceramente, não sei! Muitos dos mais experientes apontaram esta como a etapa mais dura de sempre do Dakar. Eu e o José Marques também chegamos ao fim da etapa invadidos por uma emoção tremenda. O sentimento de missão cumprida misturou-se com o cansaço extremo.“
Esta meta já ficou para trás e “não há muito tempo para recuperar energias, mas a organização irá encurtar a etapa de amanhã, o que poderá dar um pouco mais de descanso”. “Mas o cansaço não consegue diluir o sentimento de orgulho que sinto por ter vencido este desafio. Vivi algo que nunca tinha vivido até agora em competição. Mas é tempo de olhar em frente. Há outra etapa para fazer e novos desafios a enfrentar. Mas esta pequena vitória de ter sobrevivido à Etapa 2 do DaKar 2025, ninguém me tira.”