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Salão de Xangai 2025… entre as tarifas de Trump e a inovação automóvel

Abriu as portas na passada quarta-feira, dia 23, num primeiro dia para a Imprensa e visitantes profissionais, o Salão do Automóvel de Xangai 2025, certame que irá estar de portas abertas até ao próximo dia 2 de Maio no gigantesco complexo de exposições National Exhibition and Convention Center, um espaço com nada menos que 16 pavilhões e área total que corresponde a 50 campos de futebol.

Tido como um dos eventos mais importantes do calendário para o sector automóvel mundial, decorre num contexto de grande dinamismo mas também de enorme incerteza, tendo como base o mercado chinês, sem dúvida o maior do mundo e de importância determinante para as marcas globais, mas pressionado face à crescente tensão geopolítica, nomeadamente pelas tarifas de importação colocadas em cima da mesa pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que deixam enormes interrogações relativamente ao futuro do sector.

Salão Automóvel de Xangai 2025

As tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China têm gerado ondas de choque na indústria automóvel. As tarifas de importação propostas por Trump sobre os veículos elétricos chineses e as baterias levantam questões sobre o futuro das cadeias de abastecimento globais e a competitividade das marcas. Este cenário complexo obriga as empresas a repensar as suas estratégias de produção e distribuição, com um foco crescente na localização da produção e na diversificação dos mercados.

Tudo isto mereceu a reflexão dos que já passaram e dos que estão presentes em Xangai, num certame que espelha algumas tendências sem dúvida determinantes. Entre estas estão a crescente e já irrefutável importância da eletrificação do automóvel, num Salão em que a presença dos veículos elétricos (VEs) é dominante, com as marcas chinesas a apresentarem uma vasta gama de novos modelos.

Conectividade e IA são os caminhos
a percorrer no futuro imediato
 

A concorrência no segmento dos VEs está a intensificar-se, com as empresas a investirem fortemente em tecnologia de baterias, autonomia e funcionalidades de conectividade.

Conectividade, mas também a inteligência artificial, são assim temas de peso neste Salão Automóvel de Xangai, onde a integração de tecnologias de conectividade e inteligência artificial nos veículos revelou ser algo já comum. Os fabricantes estão a desenvolver sistemas avançados de assistência ao condutor, infoentretenimento e funcionalidades de condução autónoma, e em grande parte apontando a respetiva utilização pelas marcas chinesas, mostrando-se estas em franca ascensão.

Com efeito, as marcas chinesas estão a ganhar terreno, desafiando as marcas tradicionais com modelos inovadores e preços competitivos. A sua forte presença no segmento dos VEs e a sua capacidade de adaptação às preferências dos consumidores locais são fatores chave do seu sucesso.

Outra tendência deste Salão de Xangai aponta para o crescimento de propostas entre os veículos de luxo ou para o que se poderá chamar de segmento premium. É que se o foco deste certame está na eletrificação, o salão também apresentou uma variedade de veículos de luxo e modelos premium, demonstrando o poder de compra crescente da classe média chinesa.

Por fim, deixando em abertos outros caminhos para além dos veículos elétricos, ficou ainda claro neste certame que continuam a ser explorada a tecnologia do hidrogénio para os automóveis. Embora ainda em desenvolvimento, este caminho está presente no Salão de Xangai, com algumas marcas a demonstrarem protótipos e tecnologias relacionadas.

As propostas europeias
vindas do Oriente

O mercado automóvel chinês continua a ser um motor de crescimento para a indústria global. No entanto, o futuro é incerto, com as tensões comerciais e a rápida evolução tecnológica a moldarem o panorama. As marcas que conseguirem adaptar-se a estas mudanças, investindo em eletrificação, conectividade e inovação, estarão bem posicionadas para ter sucesso no mercado chinês.

Olhando em concreto para alguns modelos e inovações específicas de marcas que surgem em destaque no Salão Automóvel de Xangai 2025, encontramos construtores europeus que fazem questão de marcar a sua posição, como a Volkswagen, que apresentou um sistema de assistência ao condutor com inteligência artificial, desenvolvido pela Carizon, a sua ‘joint venture’ de I&D na China. Além disso, o construtor germânico revelou vários novos modelos para o mercado chinês.

Assumindo a importância estratégica do mercado chinês para as suas operações futuras, a Volkswagen apresenta em Xangai vários novos modelos concebidos especificamente para o mercado chinês, incluindo conceitos elétricos como o ID. Aura, ID. Era e ID. Evo, desenvolvidos em colaboração com os seus parceiros locais.

Outro gigante alemão presente em Xangai é a BMW, construtor que destacou a importância da China na inovação tecnológica para os seus veículos inteligentes de próxima geração, tendo enfatizado o papel crucial do mercado chinês como centro de inovação para os seus futuros veículos inteligentes.

A integração de tecnologia de IA de startups chinesas como a DeepSeek nos seus modelos mais recentes e a apresentação do BMW Panoramic iDrive, com um sistema operativo adaptado ao mercado local, demonstram o compromisso da marca em atender às preferências dos consumidores chineses.

Olhando para outros construtores, nota para a Porsche que apresenta em Xangai o 911 Spirit 70 e o 911 GT3, para além de edições especiais para o mercado chinês do Macan e Cayenne.

Já a Mazda estreia em Xangai o EZ-60, um SUV totalmente elétrico com uma autonomia próxima dos 600 quilómetros. Referência ainda para outro construtor nipónico, a Nissan, que apresenta neste certame chinês a Frontier Pro, uma pick-up híbrida plug-in que tem vindo a ser destacada pela crítica internacional.

Olhando para outras novidades reveladas no Salão Automóvel de Xangai mas agora propostas por construtores chineses, destaque para a Nio que, a jogar “em casa” – a Nio é um construtor chinês fundado em 2014 na cidade de Xangai, inicialmente denominado de NextEV, tendo adotado o nome de Nio apenas dois anos depois –, apresenta no certame a sua marca Firefly, focada em EVs compactos e inteligentes para mobilidade urbana, a qual deverá ser colocada em 16 mercados internacionais ainda este ano, um modelo claramente citadino que poderá chegar à Europa por disputar a corrida pelos EVs mais baratos mas nem por isso menos inovadores.

Já a SAIC faz a estreia em Xangai do seu novo modelo “Shangjie”, desenvolvido em colaboração com a Huawei, integrando os sistemas de condução inteligente desenvolvidos exatamente pela Huawei.

BYD, o Dragão chinês
que não pára de crescer

Nota final para uma das marcas em clara expansão, porventura aquela que está a conseguir o maior crescimento em termos mundiais a partir da China, a BYD, que no Salão de Xangai surgiu com a marca com maior predominância em termos de número de modelos e novidades tecnológicas.

A BYD não só apresenta novidades da sua marca principal, como também das suas submarcas Denza, FangChenBao e YangWang. Entre os destaques, podemos encontrar em Xangai, e no que diz respeito à BYD, os conceitos Ocean S e Dynasty D, demonstrando a sua visão para futuros modelos elétricos e híbridos plug-in, mas também, na Denza, a revelação do Denza Z, um GT coupé elétrico de quatro lugares que ambiciona competir no segmento de luxo.

Já nas marcas FangChenBao e YangWang, ambas do universo BYD, são apresentados em Xangai modelos com tecnologias avançadas e designs inovadores, como o YangWang U8L com opcionais em fibra de carbono.

A forte aposta da BYD em múltiplos segmentos e a apresentação de tecnologias de ponta em eletrificação e design colocaram este construtor no centro das atenções do Salão de Xangai 2025, ficando ainda mais evidente, se ainda alguém o desconhecesse, a sua capacidade de inovar e de lançar uma vasta gama de veículos elétricos e híbridos com características apelativas para o mercado chinês mas igualmente capazes de serem propostos aos mas diversos mercados internacionais, factor que confere à BYD uma predominância notável neste certame.

Estamos assim perante um certame de inabalável importância, o Salão Automóvel de Xangai, evento que demonstra o dinamismo do mercado chinês e a crescente importância da eletrificação, conectividade e inteligência artificial no futuro da indústria automóvel.

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