Suzuki S-Cross: O SUV híbrido robusto de alma analógica

Sem ser propriamente uma novidade no mercado, avançámos para o ensaio de um modelo que continua a ser uma aposta certa em qualidade, robustez e capacidade de resposta. Falamos do Suzuki S-Cross 1.4 S3 4WD, veículo que, na sua mais recente geração, apresenta-se como um SUV compacto que combina de forma eficaz a tradição da marca japonesa com as exigências do mercado atual. A motorização híbrida, um ponto central desta análise, revela um equilíbrio interessante entre desempenho e eficiência. O motor 1.4 Boosterjet, aliado ao sistema mild hybrid de 48V, proporciona uma condução suave e responsiva, com uma agradável redução no consumo de combustível e nas emissões.

A tração integral AllGrip, uma característica distintiva da Suzuki, garante uma boa aderência em diversas condições de piso, conferindo ao S-Cross uma assinalável versatilidade. Depois, no interior, o habitáculo oferece um espaço generoso e confortável, com bons materiais e um design funcional. O sistema de infoentretenimento, com um ecrã tátil de dimensões generosas, apresenta-se intuitivo, integrando as mais recentes tecnologias de conectividade.

Avançando para o ensaio dinâmico propriamente dito, encontramos no Suzuki S-Cross um SUV equipado com um conjunto abrangente de sistemas de assistência à condução, incluindo o alerta de colisão frontal, o assistente de manutenção de faixa e o controlo de velocidade adaptativo. O design exterior, com linhas modernas e robustas, confere ao S-Cross uma presença marcante num modelo em que a grelha dianteira, os faróis LED e as proteções inferiores reforçam o carácter aventureiro.

O resultado das sinergias orientais

Sem ser propriamente um primo direto de qualquer modelo da Toyota, como acontece com o Across ou o Swace, que resultam diretamente do Toyota Rav4 ou do Toyota Corolla, respectivamente, a verdade é que este Suzuki S-Cross também transporta uma forte “carga genética” da Toyota, construtor parceiro da Suzuki com o qual partilha conhecimentos e tecnologias relativos ao modelos híbridos. Em termos gerais, a colaboração entre as duas marcas permitiu à Suzuki aceder à tecnologia híbrida da Toyota, que se revelou assim essencial para a produção do S-Cross híbrido.

Este SUV partilha por isso alguns componentes e tecnologias com modelos da Toyota, embora a Suzuki tenha adaptado o design e as características para manter a sua identidade de marca. Em termos práticos, a colaboração entre os dois construtores permitiu à Suzuki expandir a sua gama de veículos híbridos, aproveitando a experiência e a tecnologia da Toyota, enquanto a Toyota beneficia da presença da Suzuki em mercados específicos.

Há que deixar claro, contudo, que ao contrário do que se passa com os modelos Across e Swace, que são claramente modelos “gémeos” de modelos Toyota, o Suzuki S-Cross não tem um equivalente direto na gama Toyota. Podermos considerar que este modelo agora testado pelo LusoMotores partilha algumas semelhanças com o Suzuki S-Cross em termos de segmento e propostas, isto porque ambos os modelos disponibilizam opções híbridas, embora com sistemas distintos, ambos procuram oferecer versatilidade para uso urbano e em diferentes tipos de terreno e em ambos os casos são incorporadas tecnologias de assistência à condução e conectividade, mas fica evidente que o S-Cross tem a sua própria identidade, design e características desenvolvidas pela Suzuki.

A colaboração entre a Toyota e a Suzuki é um movimento estratégico que visa fortalecer ambas as marcas, uma parceria iniciada em 2016 e reforçada três anos mais tarde quando as duas empresas anunciaram uma aliança global de longo prazo, permitindo que a Toyota ofereça à Suzuki acesso a sistemas híbridos e outras tecnologias avançadas, respondendo a Suzuki com a sua experiência em veículos compactos e tecnologias de baixo custo, bem assim com uma forte presença em mercados emergentes.

Sensações dinâmicas
de agilidade e eficiência

Do que pudemos constatar ao longo do ensaio realizado para o LusoMotores, o Suzuki S-Cross 1.4 S3 4WD oferece uma experiência de condução equilibrada, combinando conforto, desempenho e versatilidade. Em termos práticos, encontrámos uma resposta ágil permitida pelo motor 1.4 Boosterjet, aliado ao sistema mild hybrid de 48V, uma junção que proporciona uma resposta rápida e linear, sem dúvida capaz para condução urbana e em estrada.

A tecnologia híbrida contribui para uma condução suave e eficiente, com consumos de combustível reduzidos, permitindo o sistema de tração integral AllGrip uma eficaz aderência em diversas condições de piso, proporcionando segurança e confiança em curvas e pisos escorregadios, mesmo quando experimentámos levar o Suzuki S-Cross a situações mais perto dos limites. Foi aliás nessas situações que verificámos a capacidade da suspensão permitir um bom compromisso entre conforto e estabilidade, absorvendo as irregularidades do piso sem comprometer a estabilidade em curvas.

A direção revelou-se sempre precisa e responsiva, facilitando as manobras em espaços apertados e proporcionando uma sensação de controlo na estrada. A condução acabou assim por se revelar quase sempre relaxada e agradável, para o que muito contribuiu também o habitáculo espaçoso e confortável, aliado ao bom isolamento acústico, num automóvel que transmite uma sensação de segurança e robustez, ideal para quem procura um SUV versátil para o dia a dia e para aventuras ocasionais.

Interior analógico
e datado no tempo

Uma das sensações que surgem ao primeiro contacto com este Suzuki resultam de um interior porventura algo analógico em demasia, com um sistema de entretenimento porventura datado, pelo menos quando comparado com o de outras propostas mais recentes no mercado. A título de exemplo, verificamos que o painel de instrumentos, embora funcional, pode parecer menos moderno do que os painéis totalmente digitais encontrados em muitos concorrentes. Além disso, a presença de mostradores analógicos, embora apreciada por alguns pela sua clareza, contrasta com a tendência para ecrãs digitais personalizáveis.

No sistema de infoentretenimento, o ecrã tátil, embora ofereça funcionalidades básicas como conectividade com smartphones, pode não ter a mesma fluidez e rapidez de resposta dos sistemas mais recentes, sendo que a interface do utilizador pode parecer menos intuitiva e com gráficos menos sofisticados do que os encontrados em modelos mais recentes. Há ainda que dar que ao nível dos materiais, embora a qualidade de construção seja geralmente boa, alguns dos materiais utilizados no interior deste Suzuki, nomeadamente alguns plásticos mais duros, podem não transmitir a mesma sensação de requinte dos concorrentes.

No entanto, é importante notar que o S-Cross também tem os seus pontos fortes, quer no capítulo da ergonomia, quanto na durabilidade. Assim, os controlos surgem bem posicionados e fáceis de usar, tornando a condução confortável, sendo que naquilo que o cliente poderá esperar dos seus materiais, a Suzuki tem uma reputação de construir carros duráveis e fiáveis, e o S-Cross não nos pareça que possa ser tido enquanto exceção… antes pelo contrário terá tudo para reforçar essa ideia.

Em resumo, enquanto o interior do S-Cross pode não ser o mais moderno do mercado, a verdade é que este Suzuki deixou-nos convictos de estarmos perante um modelo com excelentes níveis de funcionalidade, durabilidade e ergonomia. A decisão de priorizar estas características em detrimento de um design mais moderno é uma escolha da marca, optando por colocar no Suzuki S-Cross 1.4 S3 4WD a capacidade de oferecer uma condução equilibrada e versátil, ideal para quem procura um SUV compacto com bom desempenho, eficiência e conforto.

Ficha técnica:

Em suma, o Suzuki S-Cross 1.4 S3 4WD MC24 destaca-se pela sua versatilidade, eficiência e conforto, posicionando-se como uma opção sólida para quem procura um SUV compacto com tração integral e tecnologia híbrida.

As avaliações nos diferentes aspectos, naturalmente subjectivas, são feitas pelo LusoMotores, ajustadas ao segmento do modelo em apreço.
Destaque para a nota elevada referentes a este modelo no capítulo do consumo, uma nota que resulta pela capacidade que o Suzuki Swift apresenta de rodar com níveis de consumo de combustível particularmente reduzidos, uma característica por certo apreciada pelos seus utilizadores.

ensaio: Jorge Reis / LusoMotores