A agência de notação Morningstar DBRS aponta que as taxas dos Estados Unidos (EUA) à importação automóvel levaram a baixas nos lucros de muitos construtores no primeiro trimestre do ano.
Mesmo só tendo sido decretadas no início de Abril, a simples ameaça de imposição das tarifas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, criou um sentimento de incerteza que teve repercussões nos resultados do setor automóvel.
A agência DBRS, numa análise ao mercado automóvel, assume que a incerteza tarifária “já teve um efeito materialmente negativo no desempenho do setor”, tendo as empresas que já anunciaram os resultados reportado “lucros substancialmente mais baixos” face ao mesmo período do ano passado.
A DBRS realça ainda que a incerteza sobre a evolução do mercado e das exportações para os EUA levaram muitos fabricantes automóveis a suspender as suas orientações para 2025.
“Com as condições da indústria automóvel em 2025 inicialmente previstas para abrandar em termos homólogos, embora partindo de níveis bastante favoráveis, as perspetivas para o setor foram consideravelmente ensombradas pelos anúncios de tarifas da administração Trump”, refere a DBRS.
A agência alerta ainda que os ajustamentos e revisões em curso da política tarifária tornam “altamente improvável” que se consiga estimar de forma razoável as condições do setor automóvel durante o resto do ano. Mas o desconhecimento sobre a evolução da procura de veículos está a “limitar significativamente” as perspetivas de rentabilidade.
Para já, entre os principais construtores, a Renault é a “única exceção”, tendo comunicado “volumes de vendas e receitas resilientes” no primeiro trimestre, “ao mesmo tempo que (re)confirmou a orientação para os resultados de 2025 que tinha anteriormente divulgado.”
A DBRS assinala, contudo, que a Renault não tem exposição direta ao mercado dos EUA.
Apesar de um primeiro impacto das tarifas e admitindo que estes desenvolvimentos podem vir a ter implicações negativas na notação de crédito de algumas empresas do setor automóvel, a Morningstar DBRS ressalva que os perfis financeiros da maioria dos fabricantes avaliados “estão em níveis sólidos (em relação às suas respetivas notações de crédito)”, tendo “beneficiado de uma conjuntura bastante favorável ao longo dos últimos anos”.