A 57ª edição do Vodafone Rally de Portugal arranca esta quinta-feira, em Coimbra, onde é esperada mais uma enchente para receber máquinas e pilotos do WRC. Super-Especial da Figueira da Foz abre a vertente competitiva, que vai ter 22 classificativas disputadas no Centro e Norte do país, entre quinta-feira e domingo.
As 69 equipas inscritas no WRC Vodafone Rally de Portugal completaram, esta quarta-feira, os reconhecimentos para a quinta prova do Campeonato do Mundo FIA de Ralis (WRC), que é também pontuável para o Campeonato de Portugal de Ralis. Sol e temperaturas amenas acolheram os pilotos nos troços da região Norte, depois de, ontem, as equipas terem tirado notas nas classificativas do Centro.
O lote de candidatos à vitória é alargado e há grande expectativa para ver o que podem fazer pilotos como Sébastien Ogier (Toyota) e Kalle Rovanperä (Toyota), que não estão a disputar a totalidade do campeonato e, portanto, vão ter uma posição de partida mais atrasada face aos primeiros classificados do Mundial. Ogier vai ser o quinto na estrada durante a primeira etapa e Rovanperä o sétimo, deixando a tarefa de ‘limpar’ os troços de terra da região Centro, na sexta-feira, para pilotos como o líder do campeonato, Thierry Neuville (Hyundai), o segundo classificado Elfyn Evans (Toyota), ou o terceiro Adrien Fourmaux (M-Sport Ford).
Neuville e Evans, que já ganharam a prova do Automóvel Club de Portugal (ACP), chegam a esta fase separados por escassos seis pontos no campeonato, com Fourmaux, uma das grandes surpresas da temporada, a 27 pontos de Neuville e na frente de outro forte candidato à vitória, Ott Tänak (Hyundai), que quer recuperar confiança e regressar aos bons resultados.
A prova do WRC2, com os carros de Rally2, tem uma extensa lista de quase 40 equipas, que inclui alguns nomes que já andaram na categoria-rainha do Mundial, os Rally1. São os casos de Pierre-Louis Loubet (Skoda), Teemu Suninen (Hyundai), Gus Greensmith (Skoda) e Kris Meeke (Hyundai), este último o dominador do Campeonato de Portugal de Ralis até ao momento. O Mundial dos Rally2 é liderado por Oliver Solberg (Skoda) e Yohan Rossel (Citroën), ambos com 43 pontos, mais três do que Nikolay Gryazin (Citroën), o que deixa antever nova batalha intensa em Portugal.
Meeke e Araújo favoritos à luta no CPR
A prova do Campeonato de Portugal de Ralis (CPR), que vai atribuir as suas pontuações no final da nona classificativa (final da etapa de sexta-feira), tem em Kris Meeke o natural favorito, embora a experiência e o talento de Armindo Araújo (Skoda) – 12 vezes o melhor português da prova e que já ganhou três edições do Rally de Portugal – prometa dificultar a tarefa do norte-irlandês.
O campeão nacional em título, Ricardo Teodósio (Hyundai), bem como José Pedro Fontes (Citroën), os jovens Lucas Simões (Ford) e Pedro Almeida (Skoda), ou Ernesto Cunha (Skoda), que faz a primeira época com um Rally2, também querem brilhar na prova mais famosa e mediática do campeonato. Entre os 2 Rodas Motrizes do CPR, destaque para o esperado duelo entre Hugo Lopes (Peugeot) e Gonçalo Henriques (Renault), que, para já, tem sido favorável ao piloto do Peugeot 208 Rally4.
Paredes, Coimbra e Figueira da Foz no programa do Dia 1
Como é habitual, a ação começa com o Shakedown de Paredes, no interior e nas imediações do circuito de Baltar, a partir das 08h01 desta quinta-feira. Um troço-espetáculo de 4,61 km, que os pilotos vão percorrer mais do que uma vez, numa derradeira oportunidade para afinações, antes do arranque oficial da prova. Depois de um regresso à Exponor, as equipas partem em direção a Coimbra, que volta a receber a Cerimónia de Partida oficial.
Uma sessão de autógrafos com os pilotos, a partir das 16h00, no terreiro do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, antecede a partida oficial, às 17h00, em plena Avenida de Conímbriga. Os concorrentes rumam depois à Figueira da Foz, para a Super Especial de abertura que, este, ano tem um percurso redesenhado (2,94 km), junto ao Forte de Santa Catarina, a partir das 19h05 (e com transmissão em direto na SportTV4 e RTP1).
As palavras dos protagonistas antes do arranque
A 24 horas do arranque oficial do 57º Vodafone Rally de Portugal, os nove pilotos da categoria principal do WRC foram unânimes na manifestação de confiança para boas prestações perante o público português, numa prova que recolhe o agrado geral dos pilotos. Thierry Neuville, da Hyundai, começou por referir que “o sucesso em Portugal depende dos mesmos fatores de sempre”, e explicou: “Precisamos de consistência, de um bom set-up e de confiança no carro. As condições do piso e a posição na estrada também farão uma enorme diferença no nosso desempenho. Quando estiver seco, teremos mais dificuldades, porque todos conhecem bem as classificativas. Fiquei satisfeito com o carro no teste pré-evento e concentrámo-nos numa afinação que me dará a confiança necessária para atacar em condições escorregadias. Os meus objetivos são otimizar o desempenho na sexta-feira e no sábado, antes de tentar obter o máximo de pontos no domingo."
Por seu turno, Elfyn Evans, da Toyota, considera que “estamos a entrar numa fase movimentada da época, com os ralis a sucederem-se rapidamente”, quando a atenção de todos se volta “para as provas de terra”. “Portugal pode ser um rali bastante agradável, com algumas secções rápidas e fluidas, mas recentemente tornou-se um desafio maior em termos da dureza dos pisos, especialmente em algumas das classificativas clássicas do Centro, na sexta-feira. Como sempre acontece na terra, a posição na estrada pode ser um fator, mas também é um rali que pode ser afetado pelas condições meteorológicas. Temos apenas de nos concentrar em fazer o melhor trabalho possível com as condições que temos e tentar tirar o máximo partido do fim de semana", afirmou.
Adrien Fourmaux, ao volante de um Ford da M-Sport, à partida daquela que será a sua quarta presença em Portugal, lembrou a fama e o espectáculo que estão inerentes ao Rali de Portugal, classificando as estradas lusas como “muito técnicas” que permitem “condições muito difíceis, com temperaturas bastante elevadas”. “Estou ansioso por desfrutar da atmosfera e, espero, conseguir outro bom resultado.”
Ott Tänak avisa para a dureza das segundas passagens
Quem está igualmente de volta a Portugal é Ott Tänak, da Hyundai, ele que se mostrou particularmente agradado por isso mesmo: “É ótimo estar de volta a uma superfície mais dura. Portugal é muito agradável. É um rali rápido, com velocidades altas, normalmente suave na primeira passagem e muito duro na segunda. O contraste entre a primeira e a segunda passagem é notório pelo facto de os troços poderem ficar muito degradados.”
Afinando pelo mesmo diapasão, tambem Sébastien Ogier, da Toyota, disse estar “entusiasmado por regressar a Portugal”, o que faz depois de um ano de ausência. “É um país de que tenho muito boas recordações, talvez um pouco mais da altura em que o rali era disputado no Algarve. Ainda assim, o ambiente é sempre ótimo e é um rali onde não devemos estar em desvantagem com a nossa posição na estrada, que talvez até nos possa beneficiar um pouco. É a minha primeira vez a competir em terra em algum tempo, mas fizemos um bom teste e estou ansioso pelo rali”, disse.
Colega de equipa de Ogier na Toyota, o japonês Takamoto Katsuta afirmou igualmente o seu agrado por estar no nosso país: "Portugal é um rali de que gosto e conheço muito bem as classificativas. Vou tentar esforçar-me o mais possível. Não estou inscrito para marcar pontos para a equipa neste evento, por isso, não tenho qualquer pressão nesse sentido e posso apenas concentrar-me em conduzir rápido e tentar dar o meu melhor."
Rovanperä recorda o sucesso dos últimos dois anos
Outro piloto da Toyota que irá concentrar a atenção de todos os que irão acompanhar a prova lusa do Mundial de Ralis será Kalle Rovanperä, da Toyota, o bicampeão mundial de ralis que esta temporada está a participar apenas em algumas das provas do Mundial, aliás tal como Ogier. Instado a comentar o que espera da prova lusa, o piloto finlandês elogiou primeiro e mostrou ambição depois: "Há muitos fãs aqui e um ótimo ambiente. As classificativas têm excelentes características e tivemos aqui bastante sucesso nos últimos dois anos. Claro que o nosso objetivo será tentar ganhar, mas nunca é fácil. A nossa posição na estrada pode ajudar-nos, mas teremos de ver o tempo que faz..."
Outro piloto conhecedor do noss rali no calendário do WRC é Dani Sordo, o piloto espanhol da Hyundai que se afirmou “muito entusiasmado por voltar a competir, especialmente em Portugal”. “É sempre um rali especial para todos. Conseguir a afinação correta é fundamental para ter um bom desempenho aqui. Trabalhámos muito no teste pré-evento para tentar aperfeiçoar a afinação, de modo a podermos fazer um bom trabalho. Vai ser interessante, com muitos dos concorrentes a tempo parcial a serem tão competitivos, este ano.”
Entre os que alinham na prova do WRC, Grégoire Munster, da M-Sport Ford, será porventura o menos conhecido de todos os pilotos, algo que nem por isso lhe retira confiança e desejo de conseguir uma boa prestação: “Fizemos um bom teste antes do evento. Portugal vai ser muito parecido com a Sardenha, uma prova um pouco complicada para nós, porque não temos muita experiência em comparação com os nossos concorrentes. Graças à minha grande ideia de fazer rolar o carro na primeira especial do rali do ano passado, falta-nos o conhecimento das classificativas.”
LusoMotores
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