Arrancar sem ruído e conseguir que um motor a gasolina gaste menos de seis litros para percorrer uma centena de quilómetros são objetivos alcançados pelo novo Renegade e-Hybrid. Um Jeep que mantendo a imagem de marca, até tem tração dianteira e continua com aquele aspeto giraço. Fomos até Estremoz experimentar o que vale este novo Jeep.

Na antecâmara deste primeiro ensaio, Paulo Carelli, o responsável da Jeep pelos mercados espanhol e português, lembrou os 81 anos de história da marca norte americana do grupo Stellantis. E recordou, também, que a Jeep está a caminho da eletrificação de todos os modelos.

E tivemos uma novidade em primeira mão: a gama Jeep em Portugal vai ser, toda, eletrificada. Ou seja, não vai encontrar à venda nenhum Jeep só com motor de combustão interna. Isto porque as vendas em Portugal entusiasmam os responsáveis da marca. Não pelo número, mas pelo “mix” de vendas, claramente favorável aos modelos eletrificados.  

Obviamente que encostar o preço deste Renegade e-Hybrid ao dos modelos a gasóleo, ajuda a que os consumidores tomem decisões adequadamente sensatas. Dizer, então, que o Renegade custa 33.600 euros na versão Limited, 36.400 euros para a novidade Upland e 37.600 euros o S. Posto isto, vamos então ao primeiro ensaio do Jeep Renegade e-Hybrid.

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Porcas e parafusos do sistema híbrido

O sistema e-Hybrid é diferente do 4XE que tem carregamento externo. Aqui estamos perante um sistema totalmente novo que utiliza o motor 1.5 litros a gasolina. Sobrealimentado, com injeção direta e ciclo Miller (favorece os consumos graça a uma melhor gestão térmica), o bloco tem 130 CV e 240 Nm de binário. É auxiliado por um motor elétrico alojado na caixa automática de dupla embraiagem com 7 velocidades. Este motor tem uma potência de 15 kW (20 CV) e tem tecnologia 48 volts.

Exatamente a mesma tecnologia da bateria que está colocada debaixo do banco do condutor, é refrigerada a água e inclui um conversor DC/DC de 48 para 12 volts. Há, também, um motor de arranque gerador de corrente que funciona por correia para que os arranques sejam, sempre, em modo elétrico e suave. 

Bom, dirá o caro leitor, “até aqui nada de novo!” Calma! Toda esta parafernália, diz a Jeep, reduz as emissões e os consumos em 15%. A ficha técnica diz que o consumo combinado é de 5,7 l/100 km e as emissões de 129 gr/km.

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Os modos de condução do Jeep Renegade e-Hybrid

As diferenças começam aqui! O sistema e-Hybrid tem, nada menos, que sete modos diferentes. Começamos com o “Silent Start” que faz o Renegade avançar sem necessitar do motor de combustão interna. 

Depois temos o “energy recovery” que integra o “e-Coasting” para regenerar energia e carregar a bateria em desaceleração e o “Regenerative Braking” para fazer o mesmo nas travagens. A mesma coisa que faz qualquer híbrido. Mas na Jeep gostam de dar nomes as coisas e fazem muito bem!

Seguem-se o “e-Queuing” (que permite ao Renegade evolua em situações de tráfego no modo 100% elétrico como um “stop & Go”), o “e-Launch” que permite que o Jeep arranque sempre em modo elétrico seja em que circunstancia for, e o “e-Boosting”. Este aumenta o binário enviado às rodas com o apoio do motor elétrico, otimizando o funcionamento do motor térmico a velocidades de cruzeiro.

Seguem-se o “e-Creeping” e o “e-Parking”. O primeiro faz o Renegade avançar assim que soltamos o pedal do travão, devagar e sem emissões. O segundo é uma forma de simplificar as manobras de estacionamento feitas, todas, em modo 100% elétrico. E silencioso, já agora. O que dá jeito para quem chega tarde a casa... Ufa!

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E como é tudo isto em utilização?

Bom, tenho de dizer que o Renegade usa muito bem este sistema e-Hybrid. Porém, terei de reservar melhor opinião para o ensaio completo ao carro, pois muitos dos modos não foi possível utilizar. 

Mas posso dizer que fiquei impressionado com a forma como o sistema recupera energia e mantém a bateria com bastante carga. Mesmo em autoestrada e a ritmos de cruzeiro. Basta levantar um pouco o pé e lá está o “e-Coasting” a funcionar. E bem! 

Sente-se que o sistema aposta muito na regeneração, pois, levantar o pé é sinónimo de forte desaceleração. 

O motor a gasolina entra em ação de forma suave, mas a eletrónica está ensinada a colocar em jogo o bloco térmico cedo demais. Poderia deixar só mais um bocadinho até apelar à força do motor de 1.5 litros sobrealimentado.

É, também, verdade que as constantes mudanças entre o motor a gasolina e o motor elétrico é feito quase sem se dar por isso. E digo quase, porque quando aceleramos mais vigorosamente, sente-se uma pequena vibração. Mas só você que vai ao volante vai dar por ela!

A caixa de dupla embraiagem eletrificada é, realmente, muito suave. Porém, há situações que se sente haver alguma preguiça em fazer o seu trabalho e houve uma ou outra situação que deixou o carro ficar numa relação mais alta e o motor a sofrer. Não há necessidade...

O comportamento do Renegade nunca foi alvo de crítica e também não será hoje que a farei. Comporta-se dignamente, tem uma direção que prima por ser direta e com o peso certo e o ligeiro aumento de peso pela pequena bateria não se nota. Nada!

Como é habitual no Renegade, assim que apanhamos piso mais degradado e buracos, há uma ou outra vibração que se sente de forma clara. Nada de novo, como diz alguém, não é defeito é carácter.

Perante a questão sobre a eventual existência de alguma alteração no interior do Jeep Renegade e-Hybrid... não há mudanças assinaláveis. Tudo continua com aspeto robusto, as forras das portas continuam com plásticos duros e o grafismo do painel de instrumentos e do sistema multimédia continuam bons. Vive-se bem dentro do Renegade e neste e-Hybrid isso manteve-se.

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E então, qual é o veredicto deste Renegade e-Hybrid?

Não posso arriscar um veredicto definitivo, pois faltou experimentar o Renegade e-Hybrid em outros ambientes que não a autoestrada e os arredores de Estremoz. Porém, posso dizer-lhe que gostei mais que do 4XE, apesar deste ter autonomia elétrica e tração integral.

Os consumos são excelentes e consegui ficar abaixo dos seis litros apesar de fazer a viagem de regresso a Lisboa, maioritariamente, por autoestrada. 

A minha única questão reside nos preços. Os 36.400 euros da versão Upload (ensaiada) representam mais 5.400 euros que um Renegade 1.0 litros 120 CV (que em julho desaparece) e menos 7.600 euros que o 4XE. Este é mais económico, mas obriga-o a manter, sempre, a bateria carregada. Olhando assim, compre o Renegade a gasolina. Sendo mais racional, compre o e-Hybrid. Acho que é a melhor escolha! 

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José Manuel Costa / LusoMotores
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