Quem tem estado atento à publicidade do novo Nissan Qashqai e-Power não deixou de dar conta que a marca nipónica está a anunciar “um modelo elétrico sem necessidade de carregamento”. Quisemos por isso saber mais sobre este modelo e avançámos para um ensaio dinâmico desta proposta da Nissan que na verdade não é propriamente o que se poderá chamar de forma direta um “veículo elétrico”, sendo antes um SUV híbrido capaz de permitir um desempenho muito próximo de um automóvel elétrico. Confuso? Avancemos então nas explicações...

Em termos práticos, o Nissan Qashqai e-Power é um SUV híbrido de série que foi lançado em Portugal já no corrente ano de 2023, e que surge como um automóvel movido pela energia elétrica das baterias, as quais são carregadas pelo motor de combustão a gasolina que serve apenas como gerador, não tendo qualquer interferência na dinâmica do Qashqai, visando tão só garantir que essas baterias estejam carregadas e tudo isto fruto de um consumo de combustível reduzido.

Estamos assim perante um sistema híbrido de propulsão elétrica, no qual o motor a gasolina não é ligado às rodas. Em vez disso, o motor a gasolina serve apenas para gerar energia para o motor elétrico, que é o único responsável por mover o carro. Torna-se assim possível encontrar a bordo deste Qashqai uma combinação de desempenho, eficiência e baixos custos de manutenção.

E porque em termos efetivos estamos perante um automóvel com dois motores, o motor elétrico proporciona uma aceleração suave e silenciosa, semelhante a um carro elétrico, enquanto que, ao mesmo tempo, o motor a gasolina revela-se eficiente e com um nível de emissões reduzido. E como o motor elétrico é o único responsável por mover o carro, os custos de manutenção são reduzidos.

Moderno, dinâmico e com um habitáculo pleno de conforto

Em comparação com a geração anterior do Qashqai, o novo modelo apresenta um design exterior mais moderno e dinâmico, um interior mais espaçoso e confortável, uma nova plataforma que melhora a condução e a eficiência e uma nova gama de motores, incluindo este e-Power que nos despertou maior curiosidade e sobre o qual quisemos saber mais.

E a verdade é que ao volante, num SUV que promete o comportamento de um veículo elétrico, o Nissan Qashqai e-Power revelou-se desde os primeiros quilómetros do nosso ensaio como um carro confortável e suave de conduzir. O motor elétrico proporcionou sempre uma aceleração suave e silenciosa, semelhante à de um carro elétrico, sendo que o motor a gasolina foi entrando em funcionamento apenas quando o motor elétrico está com pouca carga, o que é geralmente em acelerações fortes ou em subidas. É claro que por vezes podemos ser surpreendidos com um funcionamento mais forte do motor a combustão quando aparentemente a nossa movimentação nem o justifica, ficando tal situação a dever-se à necessidade de permitir carga elétrica para as baterias que alimentam o motor elétrico. 

Em termos dinâmicos, este Qashqai tem tudo para manter o sucesso do modelo desde a primeira geração, apresentando-se desta feita como um carro estável em curva e capaz de permitir uma boa condução. A suspensão é confortável e absorve bem as irregularidades do piso.

Já no capítulo do consumo de combustível, este Nissan Qashqai e-Power revelou-se um carro eficiente, anunciando a marca um consumo de combustível de 5,6 l/100 km no ciclo combinado. Em várias centenas de quilómetros percorridos com a nossa unidade de teste, o consumo registado ficou nos 6,4 l/100 km, valor acima da média de referência anunciada que no entanto se compreende se pensarmos que no nosso ensaio raramente estivemos preocupados em fazer esta ou aquela média quando o propósito foi mesmo conhecer as diversas respostas permitidas por este SUV.

Eficiência e desempenho surgem assim combinados na prestação do Qashqai e-Power, um modelo automóvel que se revelou confortável e suave de conduzir com um consumo de combustível aceitável para as prestações dinâmicas que permite. Como destaca o próprio construtor, estamos perante um automóvel que torna o prazer da condução eletrificada possível, sem necessidade de carregamento, apresentando-se por isso ideal para a condução urbana mais suave, silenciosa e, acima de tudo, com maior eficiência energética, graças ao seu modo VE e tecnologia e-Pedal Step, tudo isto num modelo automóvel eletrificado, alimentado a eletricidade mas reabastecido com gasolina.

O que gostámos mais... ou nem por isso!

Apontamos assim como pontos positivos desta que é a mais recente geração do Nissan Qashqai, o conforto que permite durante a condução, ainda a eficiência em termos de consumo de combustível e o design do modelo, com uma grande evolução face à geração anterior.

Menos positivo mesmo, pontualmente o ruído de funcionamento do motor a gasolina, nomeadamente em acelerações fortes ou em subidas mais prolongadas, mas também o preço elevado do novo Nissan Qashqai e-Power que começa nos 41.250 euros, para o nível de equipamento Acenta, e vai até aos 50.150 euros para o nível de equipamento Tekna+.

A título de curiosidade, refira-se que a mais recente geração do Nissan Qashqai está disponível a partir dos 34.850 euros, na variante de equipamento Acenta com um motor a gasolina DIG-T 140CV (103kW) Mild Hybrid 12V 6MT 6 velocidades 4x2.

Impressões finais

Suave e silencioso, como se pretende um carro elétrico, o Nissan Qashqai e-Power mostrou-se capaz de boas prestações, com bons consumos, principalmente em ambiente urbano. No habitáculo encontrámos materiais de boa qualidade, nomeadamente alguns plásticos macios e resistentes, com bons acabamentos para um ambiente acolhedor.

O espaço é generoso, tanto para condutor e pendura como para os passageiros nos bancos traseiros que em qualquer caso encontram bancos confortáveis e capazes de permitirem um bom apoio. O espaço para as pernas e para a cabeça é suficiente para todos os passageiros, mesmo adultos mais altos, e tudo isto num automóvel que apresenta ainda uma bagageira com uma capacidade de 430 litros.

Uma nota final para a presença neste Nissan Qashqai e-Power do e-Pedal lançado inicialmente no Nissan Leaf, e que nos permite conduzir em quase todas as situações com um só pedal, nomeadamente o pedal do acelerador para a condução do dia a dia, sem recorrer (ou quase) ao pedal do travão.

ensaio:
Jorge Reis/LusoMotores