Um retrato da realidade contemporânea da Nissan em Portugal, mas também uma análise ao momento da marca a nível internacional a uma possível antevisão do futuro, eis o que pedimos a António Melica, o Director Geral da Nissan em Portugal para quem a missão da marca que lidera entre nós é “melhorar a vida das pessoas”.
Em entrevista concedida para a edição do quarto e último trimestre do corrente ano para a revista “Consilcar Magazine”, publicação editada pela LusoSaber, a entidade que tem também a seu cargo o LusoMotores, Melica dá conta do momento presente da marca que segue no pelotão da frente no mercado nacional, onde pretende continuar com posição reforçada.
Italiano natural de Roma, de 47 anos, casado, pai de dois filhos ainda pequenos, de cinco e nove anos, o nosso interlocutor tem um percurso profissional de 21 anos sempre feito ao serviço da Nissan, em diferentes cargos, mas também em diferentes países e mercados. Passou pelas filiais europeias da marca, em França e na Suíça, encontrando-se actualmente à frente da Nissan em Portugal já há dois anos, transportando um conhecimento alargado da realidade da marca construído afinal ao longo de todos estes anos.
A Nissan promove a rotação dos seus quadros com alguma frequência e de forma diversificada e Antonio Melica teve, também por força dessa realidade, a oportunidade de tomar contacto com as áreas das vendas e do marketing em todos os seus aspectos nas funções que desempenhou em Itália.
Ainda no seu percurso, o actual responsável máximo da Nissan em Portugal passou também por Espanha, tendo estado já antes no nosso país então como responsável para a área do marketing.
“A Nissan é marca japonesa mas mais do que isso é internacional!”
Imediatamente antes de ter chegado desta vez a Portugal, António Melica esteve na Suíça, onde desempenhou funções de director de produto para os produtos mais importantes da Nissan na Europa como o Qashqai e o X-Trail, tendo estado ainda um ano enquanto director de vendas regional na Europa, para coordenar mercados importantes como a Alemanha, Rússia ou mesmo o mercado ibérico.
Em cima desta experiência acumulada, Antonio Melica tem uma visão alargada sobre a realidade da Nissan, uma marca japonesa com um ADN muito próprio como assume: “Em primeiro lugar a Nissan é a quarta marca a nível mundial em termos de volume de vendas. É uma marca japonesa, mas na realidade é uma marca muito internacional, até porque tem como mercado principal a América do Norte, mas também a América Central e a China, sem esquecer naturalmente o Japão e mesmo a Europa que se resume num mercado muito importante.”
“O facto de trabalhar numa Aliança com a Renault permite que sejamos uma marca japonesa mas com muitos aspectos europeus, até porque temos muitas sinergias e heranças ao nível de produção e desenvolvimento de tecnologias, situações que resultam em uma internacionalização muito forte da Nissan”, acrescenta Antonio Melica, para quem essas sinergias funcionam igualmente em Portugal mas permitindo uma completa independência comercial das marcas nas respectivas operações: “A nível comercial, e creio que este é um dos pontos fortes desta Aliança, as marcas tem estratégias comerciais muito diferenciadas, com clientes distintos, e redes de distribuição igualmente diferenciadas no que diz respeito à Nissan, Renault e Mitsubishi. Em Portugal somos por isso completamente autónomos, ainda que estejamos também a desenvolver projectos conjuntos, nomeadamente a criação de um centro de formação técnica para a Renault e a Nissan, visando a criação de sinergias e a maximização da nossa força.”
As questões internacionais que se passaram ao nível da estrutura da Aliança Renault Nissan, afinal incontornáveis, não se reflectiram na operação das marcas em Portugal como explica Antonio Melica: “Aqui em Portugal não tivemos quaisquer consequências de impacto directo. Acabam assim por ser questões mais de impacto directo em redor de pessoas, e a Aliança continua a funcionar normalmente, e para o futuro há uma indicação de que continue a funcionar, prosseguindo na direcção do desenvolvimento de áreas como a condução autónoma ou a electrificação, que merecem visões comuns das três marcas que constituem a Aliança, para a qual temos uma estratégia muito clara.”
“Fomos a marca que mais cresceu em Portugal em imagem positiva”
A propósito da realidade da Nissan em Portugal, António Melica não hesita nem um segundo em classificar o percurso da marca entre como “fantástico”. “O ano de 2018 ficou marcado em Portugal por uma série de recordes para a Nissan em termos de vendas, em termos de volume de mercado, também no negocio da pós-venda ou na qualidade que conseguimos entregar aos nossos clientes. No ano passado conseguimos ser a sexta marca em termos de volume de vendas em Portugal, com uma quota de 5,8 por cento, ainda mais alta se pensarmos apenas no sector dos veículos de passageiros onde fomos a quarta marca em Portugal.”
Certo é que a Nissan possui um longo percurso de identificação com os portugueses, ainda desde o tempo em que a marca Datsun assumia a sua presença enquanto marca automóvel em Portugal. António Melica reconhece isso mesmo, destacando o facto da Nissan ter sido em 2018 “a marca que mais cresceu no mercado português em termos de imagem positiva”, também por força de ser líder nos crossovers bem como nos veículos eléctricos.
Curiosamente, nem se poderá dizer que a Nissan apresente uma gama de produtos muito alargada, mas o responsável máximo da marca em Portugal destaca algumas realidades que “compensam” uma gama menos variada: “O Qashqai foi em 2018 o líder absoluto em termos de volume de vendas no segmento C, à frente dos crossovers mas também dos veículos do segmento C tradicional. Foi ainda o segundo modelo mais vendido em Portugal depois do Renault Clio, mas tivemos ainda o Micra com mais de quatro mil unidades vendidas, e que é já o quinto modelo no segmento B, sem dúvida o mais competitivo, e temos também o Nissan Leaf que, mesmo sendo um eléctrico, representou já 15 por cento das nossas vendas – Portugal foi, em 2018, o 10º mercado mundial em vendas do Leaf –, e em cima de tudo isto estamos a lançar o novo Juke que deverá ‘pesar’ entre 2000 e 2500 unidades anuais nas vendas.”
“Os portugueses estão mais abertos à inovação tecnológica”
No futuro imediato, as apostas da Nissan passam mobilidade cem por cento eléctrica... “Vamos introduzir no mercado, antes de 2022, um novo crossover cem por cento eléctrico. Também já falámos na electrificação total da gama actual, e isso significa a presença de motorizações tradicionais a par de versões cem por cento eléctricas, mas também todas as possibilidades de tecnologias que combinem as duas opções extremas. Vamos por isso ter motorizações híbridas, plug-in hybrid, e-power, dentro de uma estratégia alargada que está já em curso. Há que ter em conta que os portugueses estão mais abertos à inovação tecnológica, mas também mais atentos a temas como as tecnologias, a protecção da natureza e ao futuro.”
Questões como a condução autónoma ou o car-sharing são temas de um futuro próximo mas já bem presentes entre nós, e António Melica lembra que a Nissan já introduziu tecnologias de condução assistida como a tecnologia pro-Pilot na gama Leaf, no Qashqai ou no novo Juke, visando valores positivos como a segurança ou o desenvolvimento sustentado da sociedade. Para este último factor, a Nissan apostou na reflorestação da zona centro do país, nomeadamente no pinhal de Leiria, uma preocupação social da marca de estar presente na sociedade de forma positiva.
“A missão da Nissan é melhorar a vida das pessoas e para fazer isso temos a visão da mobilidade inteligente Nissan, surgindo aqui o tema da preservação do ambiente ou o tema da utilização de energias limpas, não só na mobilidade mas também no ecossistema eléctrico Nissan. Temos por isso uma preocupação muito forte em redor da ecologia e do ambiente, e também em Portugal temos o orgulho de poder fazer coisas por um país que é fantástico, muito lindo, e queremos que seja sempre assim.”
Em 2020 a meta da Nissan é garantir uma quota de 5%
Quanto ao futuro, António Melica entende que a Nissan vai continuar a querer uma marca sempre mais tecnológica, apostando sempre mais na energia inteligente e na electrificação, na condução inteligente e na tecnologia de condução assistida, também na criação de um ecossistema que seja sempre mais limpo, e ainda na conectividade, que irá marcar a realidade do novo Juke, apresentado como o modelo mais conectado de sempre na gama.
Já em Portugal, o futuro imediato passa atingir uma meta de cinco por cento de quota: “Com a introdução do novo Juke acredito que o ano fiscal de 2020 será de enorme crescimento para a Nissan em Portugal. A rede está estabilizada e isso é uma das fortalezas que temos, uma rede muito profissional, e é também graças a esta rede que conseguimos no nosso serviço ao cliente um nível de excelência. Temos uma rede actualizada e sempre formada para servir o cliente e os portugueses podem continuar a manter a relação próxima com a Nissan!”
entrevista: Jorge Reis
fotos: Carlos Rodrigues
©Consilcar Magazine