Renovado em alguns detalhes na imagem global, com a introdução do novo logotipo da marca Dacia e conjuntos ópticos de acordo com a nova imagem para esta marca romena subsidiária da Renault, fomos testar o novo Dacia Duster na versão Journey Blue dCi de 115 CV e tração 4x2, que o mesmo é dizer tração dianteira, um modelo que continua a afirmar o seu caráter aventureiro impondo-se como o SUV familiar emblemático da Dacia mas capaz de fugas à rotina por percursos menos convencionais. Em termos práticos, continuamos a encontrar no Dacia Duster motivos para o apontar como uma escolha racional, num modelo que é aventureiro sem precisar de ser trialeiro, revela-se capaz em pisos mais degradados mesmo com a versão de tração dianteira, e numa relação preço/qualidade a resposta que dá ao mercado continua a ser francamente positiva e por isso aliciante para quem procura um SUV “engraçado” e não quer pagar este mundo e o outro para capacidades que, a bem da verdade, raramente iria ter oportunidade de usar no seu dia-a-dia.
Relativamente ao bloco diesel de 115 CV, estamos perante um motor capaz e particularmente eficiente, capaz de da uma resposta cabal a quem ainda aposta num motor a gasóleo, mesmo quando tanto se fala em electrificação que, diga-se, ainda não chegou à gama dos modelos Dacia. E se os motores diesel geralmente são conhecidos pela sua eficiência no consumo, tendem a oferecer um melhor rendimento em termos consumos em comparação com os motores a gasolina. Perante isto, se a economia no consumo é uma prioridade para si que procura um SUV compacto mas capaz, a opção pelo diesel ainda continua a ser uma escolha interessante.
Mas há mais vantagens para uma opção por este Dacia Duster, nomeadamente quando olhamos para o binário ou capacidade de reboque. Os motores a diesel são conhecidos por produzir um binário elevado, o que é vantajoso para a condução em terrenos íngremes ou para a capacidade de reboque. Depois a condução normalmente mais suave permitida pelos motores diesel modernos permite quase sempre menos vibrações e um maior nível de conforto. Ainda assim, também é preciso ter em conta que um motor a diesel pode ser mais ruidoso em comparação com os motores a gasolina, mas a julgar por esta proposta da Dacia que tivemos oportunidade de testar não será o ruído que deixará uma imagem mais negativa.
Espaço para quase tudo e comportamente capaz
Dacia Duster Journey Blue dCi 115 4x2 Informação Técnica |
Estamos perante um modelo de 5 portas com tração dianteira (4x2) e caixa manual de 6 velocidades.Equipa um motor Blue dCi de 4 cilindros em linha com 1461cc, 116 CV de potência máxima e 260 Nm de binário máximo. É assim capaz de uma aceleração de 0 a 100 km/h em 10,2 segundos para uma velocidade máxima de 183 km/h.O consumo em circuito combinado (WLTP) é de 4,8 l/100 km com emissões de 127 g/km de CO₂. O depósito de combustível é de 50 litros e permite uma autonomia total de cerca de 1040 km.A bagageira tem um volume de 428 litros e pode rebocar até 1500 kg. Apresenta um ângulo de entrada de 30°, um ângulo de saída de 33°, um ângulo ventral de 21°, num veículo com uma altura ao solo de 205 mm.Em termos de equipamento inclui ar condicionado automático, câmara multivisão, sensores de estacionamento, sistema multimédia com ecrã tátil de 8 polegadas, navegação, Bluetooth, USB, Android Auto e Apple CarPlay, cruise control, limitador de velocidade e alerta de ângulo morto. |
Em termos de design e espaço disponível no habitáculo, o Dacia Duster apresenta um design robusto e utilitário, com linhas simples e uma postura elevada, permitindo um bom espaço interior, tanto para os passageiros quanto para a carga, com capacidade para acomodar confortavelmente cinco pessoas. Projetado para enfrentar terrenos variados, oferecendo uma capacidade off-road interessante mesmo nesta variante com tração dianteira, o Dacia Duster convida-nos sempre a pisar alguns estradões por vezes até com pisos menos favoráveis mas onde este SUV se torna bem divertido de conduzir sem colocar em causa o capítulo da segurança.
Em termos de tecnologia e recursos disponíveis, e apesar do Dacia Duster tenha ainda hoje uma abordagem mais simplista em termos de tecnologia e recursos em comparação com alguns concorrentes mais premium, ele oferece recursos básicos, como sistema de infoentretenimento, conectividade Bluetooth e opções de segurança, como airbags e sistemas de assistência ao motorista, nomeadamente o alerta de ângulo morto que ajuda a evitar surpresas repentinas menos agradáveis. No tablier, o pacote “Media Nav” permite a integração do telemóvel, rádio, navegação GPS e multimédia, e tudo isso com a capacidade de replicar o seu smartphone no ecrã tátil de 8’’. Com seis altifalantes integrados, também o som a bordo permite a qualidade necessária para desfrutarmos das nossas músicas favoritas que, diga-se, acompanharam-nos ao longo do nosso ensaio dinâmico.
Restará referir que uma das principais vantagens do Dacia Duster continua a ser o seu preço e aquilo que permite mantendo sempre um valor competitivo no mercado. Na verdade, a Dacia continua a ser conhecida por fabricar veículos com uma relação muito boa nos parâmetros preço/qualidade, o que continua a permitir para o Duster uma opção atraente para quem busca um SUV com um orçamento mais limitado.
Classe 1 nas portagens só com identificador de Via Verde
Uma curiosidade em redor deste novo Dacia Duster resulta do facto de ter sido ligeiramente elevado no eixo dianteiro relativamente à versão anterior, o suficiente para que este SUV seja taxado como Classe 2 nas portagens da rede nacional de auto-estradas, “baixando” a Classe 1 se transportar a bordo o identificador da Via Verde, mas apenas neste caso. Antes, na geração anterior, o Dacia Duster era Classe 1 para a variante 4x2, e apenas nos modelos com tração integral 4x4 a classificação nas portagens era Clube 2.
Francamente positivo no novo Dacia Duster acabou por ser mesmo a eficiência no consumo. Para terem uma ideia, com a marca a anunciar para este modelo uma média de consumo de 4,8 litros a cada 100 quilómetros, o testdrive para o LusoMotores permitiu um consumo médio de 4,9 litros, uma diferença mínima mas que se justifica por alguns limites alcançados quando quisemos conhecer o comportamento dinâmico do Dacia Duster em curva ou em velocidade perante retas mais prolongadas a convidar maiores pressões do pé direito sobre o acelerador.
Nota ainda para os materiais que, sem serem de topo, permitem verificar uma acentuada subida de qualidade relativamente a gerações anteriores deste modelo, um SUV que está cada vez mais longe de ser aquele produto lowcost tal como apareceu na primeira geração há já alguns anos, mais concretamente em 2010.
Em jeito de apreciação global em redor deste Dacia Duster Journey Blue dCi 115 4x2, tem um preço acessível para um SUV de 5 lugares com um bom nível de equipamento, é capaz de um consumo moderado de combustível e emissões de CO₂ relativamente baixas para um motor diesel e apresenta um espaço interior generoso e uma mala prática e espaçosa. O seu design é robusto e aventureiro, não sendo já tão espartano quanto era nas primeiras gerações, transmitindo hoje empatia mas também confiança e personalidade, para um modelo com vários sistemas de ajuda à condução e segurança que aumentam o conforto e a proteção dos ocupantes.
Suspensão firme que se sente nas costas em viagens longas
É claro que nem tudo são rosas em modelo automóvel nenhum e no caso deste Dacia Duster estamos perante um modelo com um desempenho modesto em termos de aceleração e velocidade máxima, podendo ser insuficiente para quem procura mais dinamismo. Alguns materiais no nabitáculo ainda surgem pouco refinados e permite uma sonoridade por vezes mais elevada do motor, nomeadamente quando “esticado” em altas rotações.
A suspensão é firme e facilmente transmite as irregularidades da estrada, especialmente em pisos mais degradados, podendo aqui comprometer no conforto, nomeadamente em viagens mais longas com pisos mais “exigentes”.
E porque por esta altura estará à espera que lhe possamos dizer qual o preço de venda ao público deste modelo, dizemos-lhe que a Dacia propõe esta variante do Dacia Duster a partir dos 24.700 euros, um valor sem dúvida competitivo no mercado que justifica a bem sucedida carreira comercial do Duster no mercado luso, a assumir-se como um caso sério de popularidade também aqui desde a primeira geração, a prosseguir nesta variante agora testada pelo LusoMotores.