Quando há que revitalizar uma marca automóvel mas não há tempo para criar a partir do zero pelo custo que isso representa, e quando é possível aproveitar o trabalho desenvolvido dentro de um grupo automóvel aproveitando sinergias e destacando as soluções já devidamente testadas e aprovadas pelo público, a solução pode passar por “copiar” trabalho feito com sucesso conferindo-lhe uma roupagem que lhe permita uma identificação com a tal marca que carece de uma revitalização. Isso mesmo foi o que fez a Mitsubishi com a introdução no mercado do agora renovado ASX, um modelo que resulta do bem conhecido e pleno de sucesso Captur, da Renault, e que por força do trabalho realizado na Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, utiliza a plataforma CMF-B e resulta agora neste modelo com os três diamantes como imagem identitária.
Em equipa que ganha, quando temos que obrigatoriamente que mexer, que se mexa o mínimo possível, e foi isso mesmo que a Mitsubishi fez neste ASX que o LusoMotores teve oportunidade de testar na sua versão de entrada Inform, equipada com um motor 1.0 MPI-T a gasolina com uma potência máxima de 90 cv, um binário de 160 Nm e uma caixa de 6 velocidades manual. Na gama deste ASX surgem ainda duas variantes eletrificadas, com o recurso a um motor mild-hybrid 1.3 DI-T MHEV, cuja potência máxima é de 160 cv, o binário de 270 Nm e equipa uma caixa de 7 velocidades automática. Está a chegar também para o ASX da Mitsubishi uma variante híbrida plug-in 1.6 PHEV AT Intense, mas relativamente a estas variantes electrificadas deixaremos as respectivas análises para mais tarde, concentrando agora atenções neste Mitsubishi ASX 1.0 MPI-T 6MT Inform.
Mitsubishi ASX 1.0 MPI-T 6MT Inform | |
Ficha técnica | |
Combustível Cilindrada Cilindros/Válvulas Potência máxima Binário máximo Injecção |
Gasolina E10 999 cm3 3/12 67 kW (90cv) / 4600 rpm 160 Nm / 2000 - 3750 rpm Multiponto |
Prestações | |
Velocidade máxima |
168 km/h 14s 0-100 km/h 5,8 l/100 km 130 g/km |
Dimensões | |
Altura ao solo Comprimento Largura Altura Distância entre eixos Peso bruto |
141 mm 4228 mm 1797 mm 1573 mm 2639 mm 1734 kg |
Preço | desde 24.590 € |
Com 90 cv e o já referido binário de 160 Nm não poderemos estar à espera de milagres em termos de prestações. Ainda assim, estamos perante um automóvel que cumpre o seu propósito, com a eficácia esperada até tendo em conta a experiência já conhecida do modelo que lhe dá origem. É claro que a Mitsubishi terá algum trabalho para convencer aqueles clientes que, habituados a produtos claramente japoneses, sentem agora que estão a adquirir um produto europeu ao qual foi tão só colocado o emblema dos três diamantes. Ainda assim, e deixando de lado a inevitável globalização, poderá a Mitsubishi ver oscilar os seus clientes entre aqueles que vão continuar a preferir produtos efectivamente nipónicos e poderão deixar a marca, mas ao mesmo tempo chamando para a marca aqueles que optam por um bestseller agora com um ar porventura mais exótico, produzido na fábrica da Renault em Valladolid, Espanha.
Em termos de equipamento, este Mitsubishi ASX equipa faróis LED dianteiros e posteriores, diversos equipamentos de segurança e sistemas avançados de assistência ao condutor, assim como elementos de bem-estar a bordo, incluindo o monitor central de 7” com conexão para o smartphone, utilizando este Android Auto ou Apple CarPlay, e tudo isto num automóvel comercializado com cinco anos de garantia. Em termos de design, a dianteira “Dynamic Shield” do ASX ostenta o emblemático logótipo dos três diamantes da Mitsubishi e procura exprimir o carácter forte e dinâmico do modelo, uma linguagem complementada na porta da bagageira onde aparecem em grande destaque as designações ASX e Mitsubishi, enquadradas pelas luzes em formato C com contornos muito característicos.
E se na unidade testada encontrámos o Royal Blue, há que dar conta que o novo Mitsubishi ASX está disponível em seis cores — Crystal White, Sunrise Red, Onyx Black, o referido Royal Blue, Steel Grey (metalizadas) e Charcoal Blue (sólido). Nos níveis de equipamento mais elevados, é possível optar pelo tejadilho em Onyx Black metalizado, que confere à carroçaria um efeito de dois tons. Para além da questão da cor, e com o sentido prático típico de um SUV, o acesso ao habitáculo, que consoante a versão de equipamento, apresenta revestimentos dos bancos em tecido ou em couro / tecido, é facilitado pela linha de cintura elevada, muito apreciada neste segmento.
O banco traseiro é deslizante até um máximo de 16 cm, o que permite aumentar a volumetria da bagageira ou o espaço para as pernas, consoante as necessidades. Com o banco totalmente para a frente, é possível obter mais 69 litros de capacidade de carga, a juntar aos 422 litros que a bagageira oferece com o banco na sua posição normal. Esta funcionalidade é de série em todas as versões.
Em termos de equipamentos de segurança, este Mitsubishi ASX possui de série um vasto conjunto de dispositivos de segurança passiva, incluindo airbags laterais e dianteiros para o condutor e o passageiro, dois airbags de cortina de cada lado, cintos de segurança com pré-tensores e limitadores de esforço, encostos de cabeça anti-efeito de chicote e fixações para cadeiras de criança ISOFIX. A proteção de peões foi outra das prioridades no desenvolvimento do ASX, sendo que, além do desenho especial do capô, do para-choques dianteiro, dos faróis e da zona inferior do para-brisas, que contribui para diminuir a probabilidade de ferimentos em caso de colisão, inclui também o sistema de Mitigação de Colisões Frontais (FCM), que assegura travagem autónoma de emergência baseado num radar que “lê” o que se passa mais à frente na estrada. A tecnologia FCM é apenas uma parte de um conjunto alargado de sistemas de segurança da nova geração do ASX, que oferecem níveis máximos de proteção.
Ainda a propósito desta unidade testada para o LusoMotores, a prestação do robusto motor 1.0 turbo de três cilindros a gasolina, denominado 1.0 MPI-T e acoplado a uma caixa manual de 6 velocidades, permite um consumo um consumo em circuito combinado (norma WLTP) anunciado pelo construtor nos 5,7 litros/100 km, com emissões em 130 g/km de CO2. Em estrada e em aceleração, o ruído do motor sente-se claramente no habitáculo, ainda que não a um nível particularmente incomodativo, sendo credível que nas versões mais equipadas e com um motor mais potente possa haver um maior cuidado na dotação de conforto para quem viaja a bordo deste Mitsubishi ASX, algo que certamente poderemos confirmar mais tarde com o ensaio às unidades equipadas com o motor mild-hybrid 1.3 DI-T MHEV ou a variante híbrida plug-in 1.6 PHEV AT Intense.