Armindo Araújo e Luís Ramalho terminaram o primeiro dia do Rali de Portugal com uma excelente vitória para o Campeonato de Portugal de Ralis, a primeira de 2023, um resultado que permite à dupla campeã nacional encurtar a distância pontual para as primeiras posições da classificação do campeonato. Ainda assim, acabou por ser Miguel Correia a festejar a liderança do Campeonato de Portugal de Ralis depois da prova lusa no WRC.
Com cento e trinta quilómetros extremamente exigentes com a consciência de que os pisos da zona centro de Portugal implicavam uma toada cautelosa e inteligente, a dupla do Skoda Fabia Rally 2 esteve estrategicamente num grande nível e conseguiu assegurar o grande objetivo para esta prova.
“Foi um dia muito difícil para todos mas penso que o nosso grande trunfo foi gerir de forma eficaz o equilíbrio entre a rapidez e a tentativa de evitar problemas e furos. Defendemo-nos bem nas zonas mais complicadas e atacamos nos momentos certos e isso deu-nos uma vitória muito saborosa. Estamos extremamente satisfeitos por termos regressado às vitórias no CPR depois do início de temporada azarado que tivemos. Foi um dia em cheio e estamos extremamente felizes”, começou por dizer o piloto de Santo Tirso na chegada à Exponor.
Para além da vitória para o CPR, Armindo Araújo e Luís Ramalho terminaram a primeira etapa como melhor dupla portuguesa, resultado que pretendem manter até final. “Conseguimos o nosso primeiro objetivo e vamos continuar o rali com o intuito de chegar ao pódio em Matosinhos na frente de todos dos portugueses. Temos ainda muitos quilómetros pela frente e a partir de agora esse será o nosso foco”, disse ainda Armindo Araújo.
Certo é que Armindo Araújo e Luís Ramalho, aos comandos do seu Skoda Fabia Rally2 Evo, foram ainda assim suficientemente cautelosos para garantir este triunfo numa prova em que Miguel Correia saltou para a liderança do Campeonato de Portugal de Ralis depois do segundo lugar na prova portuguesa do WRC. Armindo Araújo concluiu as oito classificativas do programa com uma vantagem de 13.9 segundos em relação a Miguel Correia/Jorge Carvalho (Skoda Fabia Rally2 Evo), que graças a este segundo lugar passam a ser os novos líderes do Campeonato.
Ainda a propósito da sua prestação, Armindo Araújo assume o calculismo “quando foi necessário”, pafra defender a sua posição “em algumas situações e atacando noutras, pois as classificativas estavam bastante demolidoras e eram muitos os carros de pilotos desistentes na beira da estrada.”
“Não foi uma jornada fácil, mas cumprimos o objetivo principal que era vencer no CPR e, por isso, estamos muito contentes. Desde o meu regresso, após o acidente em Fafe, que as coisas têm corrido bastante bem e só tenho que me congratular não apenas pelo meu trabalho e do Luís [Ramalho], mas também da equipa”, afirmou Armindo Araújo, autor de uma excelente prova, ao superar sem sobressaltos as dificuldades inerentes à primeira etapa da prova portuguesa do WRC.
Avarias, furos... e até um parafuso partido!
Tal como seria previsível, Kris Meeke (Hyundai i20 N Rally2), do Team Hyundai Portugal, imprimiu um ritmo muito forte, somando um minuto de diferença face aos seus colegas portugueses do CPR, mas a rotura da suspensão no início da segunda passagem pelos troços de Lousã, Góis e Arganil deixou-o fora de “combate”. Até aí era Miguel Correia a destacar-se ligeiramente de Armindo Araújo, mas um furo em Arganil 2 fê-lo perder 35 segundos e aquele último subia, então, à liderança.
“Tive azar com o furo, é verdade, mas são situações que fazem parte dos ralis. De qualquer modo, andei a um excelente ritmo, somei mais três pontos extra na Power Stage e chego ao final da etapa com 20 pontos de vantagem na frente do campeonato. Portanto, saio daqui satisfeito e bastante moralizado para as restantes provas da época”, referia, radiante, o piloto de Braga.
Para o Team Hyundai Portugal foi um rali para esquecer, já que depois do abandono de Meeke seguiu-se o de Ricardo Teodósio, quando este ainda tinha uma palavra a dizer na discussão dos primeiros lugares.
“Partiu-se um parafuso da manga do eixo traseiro esquerdo. Estava a fazer uma boa prova e ainda poderia melhorar o ritmo quando surgiu aquele azar…”, lamentou o piloto algarvio.
A discussão do terceiro lugar foi interessante de seguir, entre Bernardo Sousa e Pedro Almeida, acabando por ser favorável ao piloto do Citroen, cujo único percalço se resumiu a ter seguido em frente num dos troços de Arganil, perdendo aí algum tempo. “Fiquei satisfeito com o meu ritmo, mesmo sem arriscar demasiado e nem me lembrei que Mortágua era a power stage, mesmo assim fui segundo…”, comentava o piloto madeirense. Pedro Almeida também tinha razões para se sentir satisfeito, atendendo a que andou sempre no grupo da frente e ele próprio confessava: “Os troços estavam muito danificados e tive que poupar o carro, mas foi a primeira vez no Rali de Portugal que passei da hora de almoço. Andei bem, só foi pena ter falhado duas passagens de caixa em Mortágua, mas, mesmo assim, foi o meu melhor rali deste ano”.
Penalizado por um furo na primeira passagem por Góis, onde perdeu 5 minutos, Pedro Meireles (Hyundai i20 N Rally2) afundou-se na classificação, enquanto José Pedro Fontes (Citroen C3 Rally2), que chegou a discutir o quarto lugar com Pedro Almeida, devido a problemas de embraiagem também acabou por acumular um atraso considerável. E se Diogo Salvi (Skoda Fabia R5) desistiu na segunda passagem pela Lousã, Lucas Simões, mesmo com o motor do Ford Fiesta R5 a falhar, entre outros problemas mecânicos, conseguiu terminar a prova a acumular mais umas dezenas de quilómetros de experiência.
Para amanhã, sábado, está agendada a entrada em ação dos pilotos do CPR 2RM (duas rodas motrizes), disputando os sete troços cronometrados da segunda etapa (148,88 km), sendo que a Power Stage será a segunda passagem por Felgueiras (8,91 km), antes do encerramento da etapa, na Super-Especial (3,36 km) no circuito de Lousada.
Campeonato de Portugal de Ralis |
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Classificação final (oficiosa) |
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1º |
Armindo Araújo/Luís Ramalho (Skoda Fabia Rally2 Evo), 1.30.51,5 |
CPR/Absoluto (oficiosa) | |
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º |
Miguel Correia - 82 pontos Ricardo Teodósio - 62 pts José Pedro Fontes - 52 pts Armindo Araújo - 48 pts Pedro Almeida - 46 pts Lucas Simões - 34 pts Craig Breen - 28 pts Kris Meeke - 28 pts Bernardo Sousa - 27 pts Pedro Meireles - 25 pts |
A segunda etapa do Rali de Portugal terá uma dupla passagem pelas especiais de Vieira do Minho, Amarante e Felgueiras, com a Super Especial de Lousada a fechar um dia com quase cerca de cento e cinquenta quilómetros cronometrados.