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Luanda não é só a capital de Angola e não é só a cidade mais (inutilmente) cara do Mundo. Digo inutilmente porque os preços, em muitas das situações, não correspondem a um mínimo de qualidade

quer de serviço, quer de equipamento. Pagar 250 dólares por uma noite num hotel de alegadas três estrelas e, de manhã, ter um pequeno-almoço mais pobre que o de qualquer cantina de trabalhadores chineses, é um bocado exagerado. 

A verdade, no entanto, está no facto de que as instituições governamentais, ministério do turismo e outras, estão a fazer um grande trabalho no sentido de colocarem Angola no roteiro das transumâncias turísticas. Para já, estão previstos atracarem na capital quatro navios de cruzeiro (pequenos), daqueles que não levam mais de 100 passageiros e fazem a costa africana. Já é alguma coisa. Mas ainda não deixam dinheiro nenhum porque os turistas (os deste ano) foram conduzidos em grupos para visitarem alguns pontos da cidade e nem tiveram oportunidade de comprar artesanato. O futuro será mais apetecível nesta matéria e uma planificação correcta impõe-se. As paisagens, as cascatas, o deserto, os animais selvagens estarão à espera de serem devidamente fotografados por sequiosos visitantes de outras paragens. As agências de turismo terão que passar a ser mais do que simples vendedoras de bilhetes de avião. 

Um dos aspectos mais visíveis da particularidade da cidade-capital em relação a outras, é o trânsito. Arrisco-me a afirmar que não conheci, em todas as minhas andanças jornalísticas por esse mundo fora, nenhuma cidade tão caótica como esta. Nem Moscovo, nem Kinshasa, nem Mumbai me deixaram esta impressão de estar no meio de um tempestade terrível e não saber se se vai sobreviver nos próximos cem metros.

Dá a impressão que o condutor luandense tem a fobia do vazio. Isto é, do espaço vago onde acha que o seu carro cabe. E ocupa-o sem olhar a consequências. Num cruzamento, por exemplo, chega-se em duas filas, hás duas outras em frente. Quando vais a atravessar, subitamente, sem perceberes bem de onde, aquilo fica bloqueado porque houve um, dois, três que decidiram avançar ao mesmo tempo. E, como ganharam posição, esperam que sejam outros a facilitar o desatar do nó. Mas, se a coisa demora mais que uns segundos, rapidamente de duas filas já passa a um terceira que, entretanto, foi enchendo a faixa contrária descendente. Se demorar ainda uns segundos mais, haverá sempre uns quantos que optam por trepar o passeio, assustar pessoas, levar um ou outro cesto e caixote do lixo à frente e avançar até descer para o asfalto. É simplesmente surrealista. Acham que alguém protesta? Ninguém gesticula, ninguém buzina. E tudo acaba por se resolver, com uma boa dose suplementar de adrenalina a activar o teu dia. 

Conduzir em Luanda é uma permanente luta pela sobrevivência. Mas é também o melhor treino contra o stress. Um mês de condução em Luanda, vale por anos de engarrafamentos em Lisboa.

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