Pioneiro da “onda” dos SUV em 1988, quando surgiu na sua primeira geração aproveitando o agrado que este tipo de modelos granjeava entre os mais jovens, para quem a posse de um “jipe” era sinónimo de aventura e maior liberdade, o Suzuki Vitara tem vindo a ser renovado com a passagem dos anos. Chega assim à realidade atual. na qual a defesa do ambiente é uma necessidade reconhecida por todos, transportando também por isso uma motorização já eletrificada através da tecnologia semi-híbrida (mild-hybrid, híbrido suave), porque afinal o ambiente é de todos e cabe a todos nós contribuirmos para a sua defesa. Quanto a nós, fomos recordar o Suzuki Vitara na variante 1.4T GLX 4WD Mild Hybrid, equipada com um motor a gasolina capaz de debitar uma potência de 129 cv às 5500 rpm, com um binário de 235 Nm entre as 2000 e as 3000 rpm.
A ideia foi a de passar um fim-de-semana em família, com uma incursão à Serra da Estrela, e depois mais acima numa zona de transição entre a Beira Alta e Trás-os-Montes, com uma passagem pela cidade de Lamego tão cheia de tradição religiosa como de ligações ao bom vinho que se produz em toda a região do Douro e nomeadamente ali na encosta esquerda do rio que se estende por entre socalcos até à foz entre o Porto e Gaia. O Suzuki Vitara foi assim nosso companheiro de viagem, para cinco pessoas numa viagem confortável e que se revelou bem mais em conta face ao consumo verdadeiramente comedido deste SUV japonês.
Para quem não estivesse atento às origens deste modelo, um relógio analógico no centro do painel dianteiro, com caracteres orientais a dar conta do passar do tempo, não deixa dúvidas de que estamos perante um modelo produzido lá longe no oriente. Depois encontramos ainda algum equipamento algo ultrapassado, como os reguladores da informação do painel de instrumentos, ainda a exigirem muito mais do que o simples “touch” que hoje se transformou no “novo normal” e que aqui no Suzuki Vitara ainda parece longe na chegada do que é mais recente na indústria automóvel.
O espaço é o suficiente para passageiros de estatura acima da média, mesmo com a lotação de cinco pessoas completa, e nem por isso o conforto fica sacrificado — o adolescente mais novo viajou no lugar do meio do banco traseiro por ser o que melhor se adaptou à presença do túnel da transmissão —, sendo possível tirar partido da bagageira com uma capacidade de 375 litros para as menores necessidades de viagem de um mero final de semana. Será importante referir que a referida bagageira pode ser “esticada” para uma utilização intermédia com 710 litros de capacidade, ou mesmo para os 1120 litros caso se abdique totalmente da lotação do habitáculo passando a viajar apenas com condutor e passageiro no banco da frente.
Tração às quatro rodas ALLGRIP
Preenchido o habitáculo e a bagageira, é tempo de colocar todo o conjunto em movimento, acionando o motor a gasolina SHVS (acrónimo de Smart Hybrid Vehicle by Suzuki), encontrando a partir daí um automóvel capaz de se adaptar a todos os terrenos e às condições climatéricas mais desafiantes. O sistema ALLGRIP, de tração às quatro rodas, contribui para a sensação de segurança que é permitida a bordo e a condução torna-se agradável e até divertida, sem sobressaltos e com respostas assertivas perante as diversas circunstâncias.
Com o bloco mild-hybrid 1.4 a gasolina, este Suzuki Vitara dá conta de um funcionamento ajustado e capaz, nomeadamente se tivermos a capacidade de o manter nos níveis de rotações ideais, de forma a não se tornar necessário grandes recuperações que naturalmente este motor mais pequeno tem alguma dificuldade em conseguir. Com uma caixa de seis velocidades bem escalonada, a capacidade de resposta é melhorada se optarmos por viajar no modo Sport, com otimização do controlo de tração (AllGrip) e superior sensibilidade do acelerador. A assistência à direção torna-a mais direta com um funcionamento do conjunto mais eficiente e ainda assim refletindo-se num baixo ruído para o interior do habitáculo.
Certo é que, para quem conduz a antecipar as necessidades do pé direito conforme o trânsito e o relevo do trajeto que temos pela frente, a capacidade de resposta deste Suzuki Vitara é mais do que capaz e nem é preciso estabelecer como norma o modo Sport. Aliás, antecipo desde já que o tal fim-de-semana em família acabaria após cerca de um milhar de quilómetros e um consumo que foi ao encontro dos 6,2 litros a cada 100 quilómetros anunciados como média permitida por este modelo. Aliás, pontualmente, rodámos com médias mais baixas, que só não foram mantidas porque também nem sempre houve a preocupação de manter consumos numa viagem afinal de completo lazer.
Consumo real de 6,2 l/100 km
Podendo vir a ser alvo de alguma adaptação no que diz respeito à imagem, este “último dos moicanos” na gama de produtos da Suzuki, hoje em dia já enriquecida com modelos que resultam da aliança com outros construtores, nomeadamente a Toyota, que permite para a Suzuki propostas como os A-Cross e S-Cross, a verdade é que o Suzuki Vitara está já perfeitamente adaptado às necessidades atuais no que à propulsão diz respeito.
Temos por isso o já conhecido motor 1.4 turbo a gasolina, acoplado a um motor-gerador elétrico a debitar 14 cv (10,2 kW), alimentado por uma bateria de iões de lítio de 0,38 kWh de capacidade (48 a 12V DC/DC). Temos assim um motor assistido eletricamente que reage em exclusivo deste modo quando ao ralenti, no sistema start-stop e como motor de arranque. Apoia ainda este motor elétrico nas recuperações de energia para o conjunto quando em desaceleração, auxiliando também o motor de combustão nas acelerações a baixo e médio regimes, com fornecimento de binário extra, para agilizar a capacidade de resposta e desde logo as performances do Vitara.
Não se pense porém que o apoio permitido pelo sistema elétrico permite maior potência máxima do conjunto porque, na verdade, esta resulta da prestação do motor térmico com 129 cv, afinal inferior aos 140 cv do Vitara quando este era equipado com uma motorização convencional. Já no que diz respeito ao binário, este sai reforçado ainda que disponível a mais alto regime: agora 2000 rpm contra 1500 rpm antes. O mais importante, ainda assim, será destacar a maior eficiência no consumo de combustível, que a Suzuki anuncia desde 6,2 litros/ 100 km no novo ciclo WLTP (combinado), valor que confirmámos no milhar de quilómetros efetuados neste ensaio aqui transportado para o LusoMotores. E se pensarmos que fizemos uma média de consumo de 6,2 l/100km com um motor que, relativamente aos blocos não eletrificados que o construtor propunha antes, permitiu menores emissões de CO2, com 141 g/km (antes 169 g/km) mesmo com tração integral permanente, permite ficarmos satisfeitos com a nossa própria contribuição para um melhor ambiente.
Faróis LED para uma maior segurança
Agradados pela prestação do motor a bordo deste Suzuki Vitara, continuamos a gostar da imagem deste modelo da Suzuki, um “jipe” porventura já “datado” e a abrir a porta a uma nova geração mas que nem por isso desagrada. Aliás, se olharmos aos pormenores verificamos que também na imagem exterior este Suzuki Vitara tem merecido algumas atenções por parte dos “designers” do construtor, nomeadamente na presença de novos faróis LED que vão ao encontro do que é atual e do que permite a maior visibilidade no momento da condução.
Perante necessidades especiais, o Suzuki Vitara, com 18,5 cm de distância ao solo e tração integral, permite condições de condução distintas — Auto, Sport e Snow — mas também a possibilidade de bloqueio do diferencial central. Deste modo, o comportamento de todo o conjunto é mais do que previsível quando curva em estrada asfaltada, mas nem por isso preocupante se as condições do piso se tornam mais complicadas perante a terra ou a neve.
No habitáculo, com o já referido relógio analógico em que o mostrador é composto pelos carateres orientais a assumir presença de destaque, um monitor de digital a cores de 7’’, para visualização e controlo das funções de infoentretenimento, também aqui com um grafismo datado e porventura a merecer uma atualização.
Um bom nível de equipamento a bordo
Perdoa-se a imagem “ultrapassada” em face do espaço e conforto permitidos no habitáculo, num automóvel com um bom nível de equipamento, nesta versão topo de gama GLX, com completo pacote de sistemas eletrónicos de auxílio à condução, incluindo alerta de ângulo morto e aviso de tráfego à retaguarda, além de se contar com travagem automática (deteção de peões) e reconhecimento dos sinais de trânsito, sistema de navegação, estofos em pele (napa)/tecido, jantes em liga leve de 17’’, sensores à frente e atrás, câmara à retaguarda, aviso de transição involuntária de faixa de rodagem e cruise control adaptativo.
Se pensarmos que este modelo é proposto pela Suzuki com um preço de entrada de 28.965 euros para esta variante com tração integral, encontramos um preço interessante para o tal SUV que muitos procuram e que, neste caso, motrou ser um modelo capaz de permitir prestações e conforto, e que no nosso caso nos ajudou a conseguir um excelente final de semana. A propósito dos preços para o Suzuki Vitara, nada melhor do que consultar o site da própria marca que pode aceder aqui mesmo.
Procurando acompanhar a frente do segmento por aquilo que propõe, com conforto e prestações a contento, numa relação preço/qualidade adequada mas mantendo ainda uma ligações às origens da qualidade que fez o percurso do nome Vitara na Suzuki, este modelo que agora testámos aconselha a uma atenção mais prolongada para quem estiver interessado em adquirir um SUV tão capaz para o dia-a-dia no asfalto citadino quanto para percursos mais aventureiros sem penalizações no conforto ou no consumo.